Apresentação

Conto de Salvatore como (Seguir)

Parte da série Um Amor de Infâcia

Aí está um esclarecimento sobre a condição da personagem principal... Curtam

Meu nome é Adam. Sou adolescente de 17 anos que esconde um segredo de todos os amigos ou familiares que possa imaginar. E de todos os pecados que eu poderia cometer nesse mundo, eu acho que o meu com certeza não é um dos mais fracos. Sou gay.

Acredite, eu não tenho nenhum orgulho de ser homossexual, na verdade encaro isso como um castigo ou algo assim. Não sou um exemplo de modelo de um gay aceitável. Não tenho cabelos lisos que se movimentam com um simples sopro do vento, não tenho olhos azuis ou verdes, castanho claro ou mais escuro, com “o brilho do olhar”.

Não tenho um corpo que chama atenção das garotas quando passo na rua (não que chamar a atenção delas seja uma coisa que eu queira). Sou fraco fisicamente, magro do tipo que as mangas da camisa não se prendem ao meu braço.

Desde mais jovem percebi que tenho uma “voz” na minha mente. Aquele sinal que me faz sentir diferente dos outros garotos. Não estou dizendo que quando um rapaz bonito ou forte passa por mim eu fico observando o seu corpo. Não. Eu não sinto essa atração.

Me considero diferente porque sempre me comportei diferente. Não era de sair com meus amigos, aproveitar as gatinhas, ficar horas pensando em como seria transar com a “Gostosa da Escola” - coisas que geralmente os garotos fazem.

Eu só pensava em estudar e assistir series e sempre fui o tipo de pessoa que incorporava o personagem assim como o autor incorpora o papel. Mas muitos garotos fazem isso não é? Isso é normal. Mas eu não só me imaginava como o personagem como também fazia os gestos que ele fazia, falava o que ele falava. Posso dizer que virei uma cópia, uma mistura de várias obras cientificas e cinematográficas. Não tenho uma personalidade só minha.

Me considero gay porque sempre levei para os locais onde ia os gestos dos personagens que eu gostava, já que eu não podia conversar com ninguém sobre isso, pois ia ser considerado estranho. Mas se considerar gay por isso é algo precipitado de mais não é? O problema não era esse.

O problema estava a partir do momento em que os garotos me viam fazer gestos diferentes e eu era assediado por eles, muitas vezes meus próprios amigos me assediavam (digo assediar, mas é algo de leve, quase imperceptível, como um acidente – os garotos não queriam que eu criasse um escândalo dizendo que estavam se esfregando em mim), mas na verdade nunca fui de criar escândalos. E nem de gostar de ser assediado.

Cresci com essa personalidade, mas nunca assumi minha opção sexual porque tinha medo, ainda tenho. Nem meu melhor amigo nunca soube disso, mas eu sei que ele é esperto o suficiente para ter percebido. Seu nome é Tomás. Sou seu amigo desde a infância e sempre tive uma relação muito boa com ele. Se ele percebeu esse meu lado, teve respeito o bastante por mim para não me ofender ou me discriminar.

Claro, sempre houve piadinhas safadas (ele sempre foi muito safado, do tipo que fala as coisas como se fossem cantadas) falas que insinuavam algo. Mas mesmo assim ele nunca me deixou de lado por isso. Talvez ele não quisesse me ver assim, como um garoto “diferente”

Mas esse respeito que ele tem por mim, por me defender quando preciso (ele, ao contrário de mim é forte), por me apoiar em algumas atitudes, por me aceitar em sua vida mesmo sabendo que seus amigos fazem trocadilhos por minha causa, tudo isso é o que fez ele ser o garoto que eu amo profundamente e, é claro, em segredo absoluto...

Em relação ao passado (não sou aquele tipo de pessoa que gosta de reviver o passado, mas vocês precisam ficar sabendo de tudo), eu sou amigo de Tomás a muito tempo, tanto tempo que não consigo ver a minha vida sem ele ou antes dele.

Ele vinha em minha casa umas três vezes por semana e passávamos tardes inteiras brincando. Desde jovem ele já fazia brincadeiras sacanas. Apesar de termos a mesma idade ele sempre se mostrou mais maduro com relação a sexo e todos os assuntos que cercam isso, já eu era mais “inocente” e não compreendia bem o que ele queria dizer as vezes.

Mas o passado não tem nada a ver com o presente. Há algum tempo ele não vem mais na minha casa e nem eu vou na dele. Nos tornamos amigos que não são bem amigos. E isso, eu confesso, parte meu coração, não poder mais ouvir sua voz, sentir seu toque, seu abraço...

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