O Novo [Capítulo 12]

Parte da série A Grande Maçã

Eu tinha feito à prova, meio atordoado por meu tio ter me dado um beijo na boca na noite anterior. Passou-se uma semana que eu tinha feito à prova e eu ainda não tinha recebido a esperada ligação. Eu não tinha falado com meu tio desde aquele dia e eu ainda não estava preparado para ter uma conversa eu ainda estava assimilando tudo.

Era sábado e era a primeira vez que eu ia trabalhar desde que meu tio Jeff tinha me dado um beijo. Chegando ao trabalho eu fui logo falando com Leroy.

- boa tarde – falei entrando no balcão.

- boa tarde – falou ele – como foi á prova?

- foi boa, apensar de minha cabeça ter um turbilhão de coisas.

- o que foi? – perguntou ele.

- meu tio descobriu sobre eu ser garoto de programa.

- como ele descobriu?

- uma pessoa contou pra ele.

- quem? – perguntou ele.

- você! – respondi.

- eu nunca faria isso Fry – falou ele.

- meu tio veio aquí a mais ou menos 1 mês e eu não estava trabalhando e você achou que ele era um cliente meu e contou pra ele.

- Fry sinto muito – falou ele com um rosto meio preocupado. – sinto muito de verdade espero não ter causado muita confusão.

- foi melhor do que eu esperava, ele não brigou comigo e não vai contar para ninguém da minha família.

- me perdoa – falou ele – eu nunca faria isso intencionalmente.

- não se preocupa – falei – desta vez eu dei sorte, mas toma cuidado da próxima vez. Não diga nada sobre isso para ninguém a não ser que você tenha absoluta certeza.

O expediente começou e o restaurante ficou cheio e logo o bar também ficou lotado. Eu atendia as pessoas e ficava de olho no meu celular apesar de saber que a ligação não seria feita a noite.

- me vê uma dose de Whisky por favor – falou um homem de cabelos castanhos arrepiados, tinha uma barba da mesma cor dos cabelos. Ele era branco e tinha o corpo bem definido. Ele estava com uma camiseta vermelha e uma calça jeans preta, mas o que me chamou a atenção foi a boca que era perfeita.

- qual? – perguntei com um sorriso no rosto.

- Chivas Regal, por favor. – falou ele.

- ok – falei me virando e entregando uma dose para ele.

Foi quando eu percebi a tatuagem no braço dele. Ele tinha algumas nos dois braços.

- está cheio hoje. – falou ele tomando a dose.

- é sempre cheio aos sábados, se algum dia você vier aquí no sábado e estiver vazio eu te dou US$ 100,00 dólares. – falei me apoiando no balcão.

- combinado – falou ele pedindo uma cerveja e eu entreguei uma garrafa que ele deu um gole – mas ao invés de US$ 100,00 dólares você me passa o número do seu telefone.

Eu olhei para ele sorrindo imaginando se ele sabia que eu era garoto de programa.

- você quer meu número? – perguntei. Ele deu um gole da cerveja.

- eu queria mesmo era te levar pra casa, mas se preferir podemos fazer do jeito antigo e começar com um encontro.

Quando ele disse aquilo eu tive certeza de que ele não sabia sobre eu ser garoto de programa. pela primeira vez a muito tempo alguém queria sair comigo por ser eu mesmo e não pelos meus serviços. Eu me senti valorizado.

Ele pegou uma carteira de cigarros e tirou um cigarro guardando uma carteira.

- sinto muito não é permitido fumar aquí devido a uma nova lei, mas você pode ir por aquele lado e vai encontrar um lugar onde as pessoas estão fumando.

Ele se levantou.

- sinto muito – falei.

- não sinta – falou ele colocando o cigarro na orelha e me entregando o valor das bebidas – logo eu estarei de volta – falou ele se virando e saindo. Eu fique admirando a bunda dele através da calça.

Alguns segundos depois ví Sean se sentar no lugar do homem.

- boa noite – falou ele.

- boa noite – respondi levando um pequeno susto.

- você parece assustado – falou ele.

- impressão sua – falei tentando disfarçar.

- uma dose de Black Label – falou ele com um sorriso.

- agora mesmo – falei me virando e colocando a bebida para ele.

- estava com saudades sua – falou ele tomando um gole.

Eu ficava olhando para o fundo vendo se o homem voltava, ele não podia saber que eu era garoto de programa.

- então, vamos sair hoje à noite? – perguntou ele.

- infelizmente não vou poder Sean, eu já tenho um compromisso para essa noite.

- para com isso – falou ele sorrindo – eu te pago o dobro do que ele for te pagar.

- eu não posso desmarcar, vai pegar mal – falei começando a ficar ansioso.

- eu não saio daqui hoje se não for com você – falou ele me pedindo um Martini.

Depois que eu preparei a bebida e entreguei para ele eu comecei a pensar. Sean era um ótimo cliente e o dinheiro era bom, ele pagava bem pelos meus serviços, mas por outro lado eu tinha me encontrado com esse tal homem quer tinha chamado a atenção e o fato dele não me querer pelos meus serviços e sim apenas por mim tinha me deixado intrigado e um pouco feliz.

Eu realmente não sabia o que fazer, geralmente minhas escolhas eram erradas e difíceis, mas se as escolhas eram difíceis é porque eu já sabia o que fazer, eu precisava sair com Sean.

- tudo bem – falei para Sean.

- é isso aí meu garoto! – falou ele.

Eu olhei para trás e ví o tal homem vindo até mim e para meu azar ele se sentou ao lado de Sean, nesse momento minhas pernas gelaram.

- me dá outra cerveja por favor – falou ele.

Eu me virei e peguei uma cerveja e entreguei para ele.

Eu estava morrendo de medo de um dos dois falar comigo sobre alguma coisa.

- então – falou o homem – você se decidiu?

Eu não consegui responder e fiquei calado e Sean ficou olhando pra mim esperando minha resposta para o homem. Logo eu tive uma idéia.

- quer saber? – falei para ele – que tal a gente conversar lá atrás? – falei apontando o caminho – pode ir que logo eu irei.

- tudo bem – falou ele se levantando. Ele seguiu pelo caminho.

- quem é esse cara? – perguntou Sean.

- é meu irmão. – respondi.

- sério? Vocês não se parecem em nada. – falou ele tomando um gole.

- todo mundo diz isso – falei com um sorriso falso.

- Leroy vou tirar meu descanso agora.

- pode ir – falou ele.

- te vejo em 15 minutos – falei saindo do local do bar e indo até os fundos, passei pela cozinha e saí pela porta dos fundos que dava direto em um beco. O homem estava lá me esperando.

- olá – falou ele quando cheguei.

- olá – falei estendo a mão e ele apertou.

- meu nome é Charles – falou ele.

- você deve estar de brincadeira – falei apertando a mão dele e soltando.

- o que? – perguntou ele.

- sem querer ofender e com risco de parecer maluco, mas qual o seu segundo nome?

- Warren.

- posso te chamar de Warren?

- a maioria das pessoas prefere me chamar de Charles, mas pode me chamar de Warren se você preferir.

- ok Warren, me desculpa por isso, mas é que eu tenho uma certa bagagem com alguém chamado Charles.

- ex namorado? – falou ele esperando uma resposta.

- ex irmão. – falei.

- entendo. – falou ele.

- então, Warren, eu queria te dizer uma coisa.

- antes de dizer não, deixe eu dizer uma coisa... – falou Warren.

- eu quero sair com você – falei interrompendo ele. – mas hoje não dá. – falei

Ele não disse nada e apenas olhou para a rua que passava carros.

- eu queria muito sair com você, mas é que eu tenho uma coisa para fazer depois daqui e não posso – falei quase suplicando para que ele compreendesse.

- tudo bem – falou ele – se acalma. – ele colocou a mão no bolso e tirou a carteira tirando um cartão e colocou no bolso da minha camisa preta que era meu uniforme. – pode me ligar qualquer dia e nós marcamos alguma coisa.

Ele disse isso guardando a carteira.

- obrigado por entender. – falei.

- não por isso – falou ele se aproximando e dando um selinho na minha boca e eu coloquei minha mão direita no rosto dele. – vou ficar esperando sua ligação. – falou ele.

- ok – respondi.

Ele se virou e foi andando até a rua.

- você não vai voltar? – perguntei.

- não precisa, já consegui o que eu queria essa noite.

- ok – falei com um sorriso voltando para dentro.

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