Capítulo 01 - O encontro
Parte da série LOVE ONE
Ao entrar na classe sentei-me em meu lugar sem chamar muita atenção como de costume, retirei meu livro de geografia da mochila e quase tive uma crise de histeria interna ao me dar conta de que já era sexta-feira e não quinta, por tanto a primeira aula do dia seria de educação física assim como a última, geografia não se enquadrava em nenhum dos horários do dia, portanto eu me senti estupido por ter me esquecido de algo tão natural quanto respirar, o cronograma acadêmico.
Assim que o professor entrou na sala ele não hesitou em soprar seu apito , fazendo com que os poucos alunos zombeteiros se comportassem perante sua presença.
– Muito bem equipe, hoje faremos algo divertido e estritamente masculino, garotas sinto muito. – disse o senhor Mark dando ênfase a palavra “garotas”. – Será que algum dos rapazes poderia nos dizer sobre o que estamos falando?
– Vamos a um clube de estripes! – disse um engraçadinho do fundo da sala.
– Futebol! Detesto futebol, prefiro não participar desta aula senhor. – disse o aluno novo sentado do meu lado esquerdo, enquanto cruzava seus braços demonstrando-se profundamente entediado com o esporte.
– Tudo bem, os que não quiserem jogar não precisam! – falou o professor um pouco mais desanimado logo antes de tornar a soprar seu apito.
Enquanto a maioria dos garotos corriam atrás daquela bola como uns malucos, e as meninas se juntavam em cercos fechados para fofocarem, eu permanecia na arquibancada sozinho com meu livro de poemas prediletos, pensando em como tudo poderia ser diferente assim que concluísse o ginásio, o que no entanto ainda levaria mais um longo ano pela frente.
– Joel Cabana? Pensei que fosse alguém do cenário pop e não da literatura contemporânea. – disse uma voz pouco familiar mas ainda assim não totalmente desconhecida.
Levantei meu rosto devagar para ver quem era e por um instante o mundo parecia ter parado, diante de mim com seu corpo atlético levemente exposto, cabelos loiros cumpridos até a nuca, olhos verdes como duas esmeraldas brilhantes e um sorriso hipnotizador. Era o aluno novo, o mesmo que se sentava ao meu lado a uma semana desde sua chegada, que manifestou-se contra o gosto de praticar aquele esporte que também em minha concepção não tinha lá uma grande importância e/ou interesse especifico.
– É um ótimo escritor! – respondi sentindo meu rosto corar assim que ele se sentou do meu lado como se tivesse toda a intimidade do mundo em se aproximar tanto sem mau me conhecer.
– Posso? – disse ele pouco antes de pegar o livro de minhas mãos e começar a folheá-lo. – Não acho um escritor tão bom assim, mas confio na sua palavra!
Aquela frase me fez ferver por dentro em uma mistura de insegurança e confusão. Como assim, confia na minha palavra? O que ele queria dizer com aquilo e quem ele era para do nada aparecer se achando no direito de se meter comigo? Por que?
– Desculpe-me, preciso ir devolver o livro na biblioteca do colégio antes que eu me esqueça! – levantei-me meio constrangido com seu olhar minimalista sob cada um de meus gestos mas assim que dei o segundo passo senti seu braço segurar-me, meu coração disparava no peito, era algo diferente de tudo o que até então eu já havia sentido.
– Não precisa mentir.
Me virei para tentar contestar sua presunção em afirmar que eu estaria mentindo por alguma razão, ao mesmo tempo internamente me sentia chocado por ele ter pego minha mentira tão facilmente. Será que eu fui tão previsível assim? Como ele poderia ter certeza de que eu estava mentindo, ele seria muito provavelmente uma das últimas pessoas que eu poderia esperar encontrar em uma biblioteca!
– Não preciso mentir para alguém que eu nem conheço e que pelo jeito prefiro continuar não conhecendo. – falei tentando soar indiferente.
– Gostei dessa! – disse ele sorrindo como se acabasse de ouvir uma piada muito boa.
– Tô indo, me faz um favor? – encarei-o com desdém dos pés a cabeça. – Não tente ser meu amigo!
– Quem disse que eu só quero ser seu amigo? – falou ele em um tom debochado.
Por dentro senti uma vontade avassaladora de contesta-lo, de ser grosso com ele mas algo me impedia, algo dentro de mim achava aquele garoto pretencioso atraente, mesmo sem sequer saber seu nome, me sentia frágil e protegido ao seu lado. Demorou alguns instantes até que eu me desse conta de que ele ainda continuava segurando no meu braço, sem resistir meus olhos acabaram se aprofundando nos seus sem o menor retorno.
– Me solte... – gritei puxando meu braço no que algumas garotas que passavam por perto nos encararam com espanto.
– Hum... nervosinho, não combina com você! – disse ele com uma entonação mais divertida.
Realmente eu não costumava agir desta forma, mas algo nele despertava um lado meu que eu mesmo mau conhecia. Apesar da atração e de acha-lo belo, também poderia jurar a mim mesmo que seria uma completo estupidez interessar-me por alguém como ele. Lhe dei as costas e comecei a me afastar fingindo não estar mexido com toda aquela situação, ainda mais sendo por causa dele.
– Espera Bruno! – gritou ele ainda parado em seu lugar.
– Como você sabe meu nome? – virei-me e o encarei com uma expressão de espanto.
Algumas horas haviam se passado e no conforto e privacidade de meu quarto, meus pensamentos não conseguiam ser diferentes, só então é que eu me toquei de que muito provavelmente ele deva ter ouvido alguém dizer meu nome na classe. Realmente eu devia estar muito paranoico para não ter me dado conta disso antes. Indignado por não conseguir deixar de pensar nele, revirei-me na cama tentando pensar em algo menos incomodo para mim. Levantei-me um pouco para ir ao banheiro lavar o rosto quando a porta de meu quarto se abriu um pouco, era minha mãe.
– Bruno tem um garoto lá embaixo que disse que precisa falar com você! – disse ela em um tom meigo e absolutamente sereno.
Antes que eu pudesse lhe perguntar quem era, meu celular começou a tocar no bolso da calça e ao pega-lo senti-me aliviado, era a Linda, minha melhor amiga desde a segunda série.
– Mãe, preciso atender. Diz que eu vou descer daqui a dois minutos!
Assim que minha mãe saiu eu decidi atender a ligação, já havia uma semana que Linda e eu não conversávamos, o que no nosso caso era um recorde. Fazia um mês que Linda tinha ido viajar para o interior e a saudade só fazia aumentar.
– Poxa vida, pensei que ficaria velhinha aguardando você me atender. Será que precisarei marcar hora daqui por diante? – reclamou Linda em um tom mais brincalhão do que zangado.
– Foi mau, você nem imagina como foi o meu dia!
– Realmente não imagino, minha bola de cristal quase não pega nesse fim de mundo por isso só pude te ligar agora.
– Linda quando você volta, pensei que só ficaria longe por umas duas semanas?
– Não sinta mais minha falta miguxo... – Linda fez uma breve pausa. – Te liguei justamente para dizer que daqui a três dias estarei de volta!
– Que bom, aliás nem sei como pude sobreviver um mês sem você! Agora preciso desligar, tenho visita me esperando lá em baixo.
– Hum... safadinho, se divertindo horrores na minha ausência? – ela começou a rir como se entendesse tudo, tudo o que não estava acontecendo na verdade!
– Negativo capitã! – bati continência em frente ao espelho. – Mas agora é sério, preciso ir e só mais uma coisinha. Te amo!
– Tudo bem, vai nessa e... Divirta-se! – Linda desligou a ligação.
Da escada aos poucos uma risada começava a ecoar, era a risada de minha mãe. Fosse quem fosse que estivesse lá embaixo com certeza devia ser alguém bem divertido, o que já reduzia minha lista de amigos com tal peripécia a zero. Quem estaria me esperando a final? Ao chegar na entrada da sala essa dúvida se desfez na mesma intensidade que meu coração se pôs a bater mais aceleradamente. De todo mundo que eu conhecia aquela pessoa era até então a única que jamais esperava que fosse a minha casa me procurar, ainda mais depois da forma não tão amistosa em que nos “conhecemos”, na realidade nem sequer nos conhecemos direito para que eu pudesse me certificar de que ele era problema.
– Bem, acho que vou deixa-los a sós para que conversem! – disse minha mãe ao perceber minha presença.
– Quem é você e por que você está aqui? – perguntei com uma expressão descaradamente preocupada assim que minha mãe nos deixou sozinhos.
– Sua mãe disse que eu poderia entrar e estou aqui. – ele se sentou no sofá sem esperar que eu o convidasse a faze-lo. – Respondendo sua primeira duvida, me chamo Lucas!
– Como você sabe onde eu moro, o que você pretende?
– Bruno talvez soe uma loucura na sua cabeça mas eu precisava estar perto de você nesse momento, semana que vem é o seu aniversário e também completará um ano da morte de seu pai.
Se eu já estava com um pé atrás com este garoto antes, agora sim eu me sentia no pleno direito de me preocupar de vez. Como esse tal de Lucas que até poucos minutos atrás eu não sabia sequer o seu nome, agora diante de mim me dizia aquilo tudo. Não era possível que ele soubesse tanto sobre mim se havíamos apenas trocado poucas palavras no inicio do dia no colégio. Naquele momento meu corpo tremia e eu não sabia o que ele queria comigo e como ele sabia sobre mim, a pesar do medo de invadir dos pés a cabeça, decidi desvendar aquela situação tão confusa dentro de mim!
– Lucas... Como você sabe essas coisas a meu respeito?
CONTINUA...
Este foi o capítulo de estreia da saga LOVE ONE, espero que gostem! No próximo capítulo vocês não podem perder a conclusão deste encontro entre Bruno e Lucas, muitos mistérios rodam estes dois. Deixe seu comentário dizendo se gostou ou não, o que achou do começo da trama e, arrisque um palpite sobre que mistério ronda estes dois corações obscurecidos! Não se esqueça de votar e indicar a série a seus amigos, nosso enredo é ficção pura mas com muita emoção e diversão, que é o que importa! Agradeço sua leitura, voto e/ou comentário e se não estiver pedindo demais, tente seguir a todos os capítulos da saga. Prometo que valerá a pena. Beijos, abraços e amaços! (Te espero no capítulo 2)