Capítulo 06 - O outro
Parte da série LOVE ONE
Nossos corações batiam em perfeita sintonia, como se interagissem um com o outro. Em seus braços eu já não tinha medo, mas, aquele seria um paço definitivo.
– Lucas... – disse seu nome enquanto afastava minha boca da dele.
– Eu fui com muita sede ao pote? – perguntou ele pela primeira vez aparentando se sentir envergonhado, algo que lhe caia muito bem.
– Não é isso, eu nunca... – hesitei em dizer, mas, tive que ceder a seu olhar contestador. – Eu nunca fiz, sabe?
– Eu já...
– Sabia? – interrompi-o admirado e já perplexo por antecipação.
– Na verdade eu já suspeitava! – concluiu ele com um sorriso fofo e um breve selinho.
– Eu tenho medo!
– Disso eu já sabia, aliás, parece que você gosta dessa palavra. Medo. – brincou ele.
– Me desculpa. – falei virando meu rosto para a parede na tentativa de, esconder minha vergonha.
– Eu só quero dar esse passo com você, junto de você! – Lucas virou meu rosto em sua direção me fazendo refém de seu olhar hipnótico. – Quando você estiver pronto, eu estarei!
Suas palavras soavam como música em meus ouvidos, sua compreensão me confortava. “Como eu pude pensar que você fosse mau?” condenei-me na insatisfatória privacidade de meus pensamentos.
– Não importa o que você tenha achado de mim antes de agora. Não se torture! – disse ele logo me abraçando.
Senti-me arrepiado da cabeça aos pés, não somente pelo toque de sua pele que me agradava, seu abraço era um muro defensor. Mas ele ter dito aquilo no exato momento em que meus pensamentos eram aqueles, era como se de algum modo ele pudesse me ver além de seus olhos! Ou definitivamente eu estava paranoico ou, ele tinha segredos que talvez fugissem de minha compreensão?
– Como você consegue adentrar meus pensamentos? – perguntei com a voz tremula e baixa, ainda envolvido no calor de seus braços.
– Eu preciso ser claro com você meu amor! – ele se afastou. – Você precisa saber quem sou eu. Como você é importante para mim e... – Lucas calou-se com o som da campainha tocando lá embaixo.
– Péssimo momento para visitas inesperadas. – bufei me levantando em seguida.
Abri a porta desejando estrangular mentalmente quem quer que fosse que ali estivesse. Para a minha conveniência era Alex, me senti tentado em colocar minha ideia em pratica.
– Bruno que cara é essa? – foi a, primeira coisa que ele me perguntou, enquanto isso Lucas se aproximava de mim sem camisa. Ele estava de camisa no meu quarto.
– Nada. – respondi para Alex.
– Posso entrar? – apesar de pedir minha permissão ele nem ao menos esperou para ouvir minha resposta, que no caso seria, um sonoro não!
– Por que você tirou a camisa? – cochichei no ouvido de Lucas antes de fechar a porta.
– Interrompi alguma coisa? – perguntou Alex totalmente a vontade no sofá.
– Sim! – respondeu Lucas com um tom acido.
– Não... – tentei contornar. – Lucas vai na, cozinha pegar alguma coisa para bebermos?
– Eu sabia. – resmungou Alex assim que ficamos sozinhos na sala.
– Alex, o que você faz aqui agora? – tentei não demonstrar-me incomodado com sua presença.
– A Linda me disse que você passaria o dia com... Esse esquisito.
– A Linda vai acabar ficando sem língua. – pensei em voz alta. – Enquanto a você, o que você faz aqui?
– Eu não confio nesse cara, não posso deixar ele te estragar. – desabafou ele. – Eu vou ficar!
– Você fumou alguma coisa ilícita antes de vir para cá? – perguntei com uma preocupante entonação em “ilícita”.
– Bruno eu...
– Bebidas! – disse Lucas ainda da porta vindo em nossa direção, fazendo com que Alex não concluísse o que tinha a esclarecer.
Alex e Lucas se olhavam com um, certo desprezo, de fato um não ia com a cara do outro, e eu ali, no meio do fogo cruzado. De um lado meu amado e de outro meu amigo. Em meio aquele clima no mínimo constrangedor eu só conseguia rezar para que, Linda não comprasse a antipatia de Alex por Lucas. Dois contra um seria covardia.
– Hum... Limonada, que delícia! – disse tentando desviar o foco daquela visível inimizade.
– Você não gosta de limão. – disseram os dois ao mesmo tempo ainda se encarando feio. Como eu fui tonto, todo mundo sabia que eu realmente detestava o gosto azedinho de limão, mesmo quando adoçado.
– Vamos para o seu quarto? – perguntou-me Lucas com um tom bem sugestivo.
– Não, nós vamos ficar e agir como pessoas civilizadas! – retruquei.
– Falou tudo! – Alex com sua expressão de vitória.
– Nos três vamos agir como pessoas civilizadas. – repreendi o ar de superior de ambos com uma certa rigidez, uma postura que nem mesmo minha mãe sabia ter, de autoritarismo puro.
As horas pareciam se estenderem, não haviam, assuntos que não se desenrolassem em, indiretas, olhares ameaçadores e seguidos de um silencio ainda mais mórbido. “Da próxima vez que a Linda contribuir para, o meu tédio, ela me paga”.
Minha noção de tempo a muito já havia se perdido, abri meus olhos, lentamente, tomado por uma breve confusão, eu havia dormido no sofá sala. Os dois briguentos estavam ao meu lado esquerdo e direito também apagados.
– Lucas... – comecei a balança-lo devagar para desperta-lo, uma tarefa nada impossível.
– Bruno! – ele pronunciou meu nome sorrindo ao abrir os olhos.
Já era noite, a sala estava escura. Lucas e eu nos levantamos sem fazer barulho, deixando Alex dormindo no sofá. No quarto desabamos em minha cama, o que deveria ser nosso dia perfeito foi estragado.
– Esse seu amigo é um mala, nos fez dormir de tanto tédio.
– Você também não se converteu em um salvador da pátria. – deitei minha cabeça sobre seu peito exposto.
– Da próxima vez esse seu amiguinho não ter a mesma sorte de hoje! – desabafou ele enquanto acariciava meus cabelos.
– Eu não chamaria isso de sorte por nada más entendi o recado.
Ajeitei meu pescoço em seu braço e já me conformei em voltar a dormir, seria estranho tentar alguma coisa com o Lucas sabendo que, o Alex estaria por perto em algum momento menos propicio!
– Ei... Acorde belo adormecido e, príncipe encantado! – dizia uma voz a principio confusa mas aos poucos muito familiar, abri meus olhos e tive certeza.
– Linda! – pulei imediatamente da cama para abraça-la. – Senti tanto a sua falta. Cadê a mamãe? – olhei em todas as direções do quartos mas ela não estava.
– Ela decidiu ficar lá em casa mais essa noite e euzinha... Vou ficar aqui com você e seu príncipe! – concluiu ela entusiasmada. – Agora acorda ele!
– Tudo bem! – disse para ela e me abaixei para desperta-lo suavemente. Lucas... Lucas... Acorda meu amor, já é hora de levantar. – ele não respondia, devia estar muito cansado então comecei a balança-lo como na noite anterior. – Lucas... Amor acorda?
– O sono dele é potente! – falou Linda com uma expressão ligeiramente assustada, o suficiente para deixar em pânico. Ele não tinha um sono tão pesado a noite.
– Lucas... Lucas... – intensifiquei meus movimentos e os chamados mas ele continuava estático com seus lindos olhos fechados, meu coração parecia querer sair pela boca e ao mesmo tempo eu não podia entender o que se passava. – Lucas meu amor, por favor, abre os olhos!
Linda me abraçou e uma lágrima solitária desceu por meu rosto, ele não se movia, meu chão havia desmoronado em vê-lo daquele jeito.
– Lucaaaaaaaaaaaaaasss...
CONTINUA...
Coitado do Bruno, justo com a volta de sua melhor amiga isso aconteceu! O que será que houve com o enigmático/misterioso/stalker/esquisito Lucas? Alex está afim de Bruno? Fui mau acabando justo nessa parte (admito), mas eu queria deixar um suspense no ar. Pense numa coisa caro leitor de LOVE ONE, daqui pra frente tudo pode acontecer! Espero que tenha tido uma boa leitura e logo mais teremos o sétimo capítulo no qual alguns destinos serão definidos. Ah... Quem prestou atenção no sonho que Bruno teve com seu pai (em uma frase especifica) e for bom detetive, vai conseguir chegar perto da resolução desse mistério. Beijos e amaços com um coraçãozinho apreensivo!