Capítulo 10 - Inimigo oculto

Conto de dcarlossp como (Seguir)

Parte da série LOVE ONE

– Senhorita Raquel... Como ousa agir assim com seu sobrinho após tudo o que esse jovem enfrentou? – os olhos do doutor Thiago pareciam condenar a atitude de minha tia carrasca.

– Ele é meu sobrinho, doutor! – ela soltou um sorriso cínico. – Eu o trato da forma que eu bem entender. – Vamos Bruno. – ordenou ela puxando meu braço.

– Antes eu só queria agradecer ao doutor Thiago pelo que fez por mim!

– Te espero no carro, mas não demore. – ela soltou meu braço e saiu, Thiago parecia não acreditar no tipo de pessoa que eu teria como “família” até então.

– Bruno, não tem mais ninguém que possa ficar com você? – sua preocupação era sincera.

– Infelizmente minha tia Cristal mora na Espanha, vou ter que sobreviver a mais isto! – ensaiei um sorriso simpático. – Obrigado doutor Thiago, você me ajudou bastante mesmo sem me conhecer, sei que é seu trabalhar, mas... De alguma forma sei que foi especial!

– Bruno, talvez eu seja seu anjo da guarda, eu me preocupo com você! – ele retirou algo do bolso do jaleco e estendeu sua mão com um cartão. – Pegue.

– O que é isso?

– Ai está o meu número pessoal, se você precisar de mim não pense duas vezes antes de me ligar! – antes que eu pudesse agradecer sua dedicação senti-me envolvido em seus braços quentes, seu cheiro me lembrava de terra preta húmida com suaves tons de orvalho sereno, seu abraço parecia preencher-me de todo o vazio.

– Tenho que ir agora. Adeus! – me soltei de seus braços e vislumbrei seu sorriso compreensivo cada passo mais distante.

Durante todo o caminho do corredor ao pátio do estacionamento meus olhos se mantinham fixos naquele cartão. Abri a porta, entrei no carro da tia Raquel que já me encarava com repreensão.

– Eu disse para você não demorar. Por que me fez esperar? Por acaso estava dando para o médico?

– O que? A senhora é louca ou o que? Eu só estava agradecendo...

– Sei bem como vocês gayzinhos agradecem! – seus olhos logo vieram de encontro ao cartão que o eu segurava. – Parece que ele gostou do seu “agradecimento”.

– Tia eu...

Antes que eu pudesse concluir minha indignação ela tomou o cartão de minha mão, pedi para que ela me devolvesse, mas ela o rasgou, e jogou seus pedaços do lado de fora, no asfalto. Durante todo o caminho a sua casa seguimos em silêncio, ela ignorando-me e eu, chateado com suas grosserias. Assim que ela estacionou na entrada eu sai em disparada para abraçar meus primos Alice e Travor, a pesar de serem filhos da megera eles eram pessoas boas. Alice abriu a porta e me recepcionou com um longo abraço, a última vez que eu tinha visto ela foi ao enterro de meu pai. Alice era alta, magra, cabelos longos e naturalmente dourados, olhos azuis resplandecentes, parecia uma boneca!

– Bruno, eu fico feliz que já esteja melhor e... – Alice fez uma breve pausa tentando me poupar de algum inconveniente. – Sinto muito pela tia Tereza e a Linda!

– Alice... Sua barriga? – reparei em sua barriga, ela parecia estar gravida, mas só tinha 15 anos, era muito jovem para isso.

– Eu a mandei tirar, mas já que não tirou... Assim que nascer vai para um orfanato! – disse tia Raquel passando por nós na porta de entrada.

– Bruno, eu não quero que ela me afaste da minha filhinha... – Alice não conseguia conter suas lagrimas. – Essa mulher não tem coração!

– Quantos meses já?

– Sete!

– Alice olha pra mim! – segurei suas mãos em sinal de apoio. – Eu não deixaria que a Raquel fizesse isso com você, nunca.

– Obrigada, mas... Ela nunca te ouviria, ela odeia gays!

– Eu ouvi uma coisa que faz todo sentido. – abri um terno sorriso lembrando-me de tais palavras, de Lucas! – O mau nunca vence o bem!

Passamos pela sala, abraçados, e nós nos jogamos no sofá. Suas lágrimas haviam aberto espaço para sorrisos transparentes e gargalhadas de igual natureza.

– Posso me unir à festinha? – perguntou Travor vindo em nossas direções com alguns copos de bebida. – Se eu fosse você Bruno, me mudaria para a Espanha o quanto antes!

Travor tinha 17 anos, ele era apenas dois meses mais velho que eu. Alto, atlético, cabelos castanhos e curtos, pele ligeiramente morena, nariz escultural e olhos cor de avelã. Não era difícil imaginar a quantidade de garotas que morreriam de amores pelo meu primo, gato!

– Travor! Tudo bem? – perguntei pegando um dos copos com refrigerante de cola.

– Minha mãe odeia gays, mas isso eu acho que você já percebeu. – Travor tomou um gole bem longo de seu refrigerante. – Ela me mataria se soubesse que eu... Você sabe!

– Travor... Você? Sério? – eu realmente não sabia o que dizer, ele nunca havia se demonstrado diferente dos demais, se bem que com a mãe dele viver no armário era essencial para se, manter vivo!

– Sério só não conta pra ela! – pediu ele me abraçando.

Passamos alguns bons minutos entre conversas descontraídas, até que eu me lembrei do que havia acontecido na noite anterior. Lucas me disse que eu saberia a verdade neste dia, mas como? Logo o que Linda havia me dito sobre o livro sondou meus pensamentos, o livro estava em minha antiga casa, eu precisava encontra-lo.

– Alice, Travor... Eu preciso sair! – anunciei me levantando.

– Mas você acabou de voltar do hospital a pouco... – disse Alice.

– Além do mais a bruxa jamais deixaria você...

– Preciso que me ajudem, preciso resolver algo de muita importância! Alice você poderia distrair a tia Raquel? Travor você ainda tem aquela moto que ganhou do seu pai ano passado?

– Sim, aonde vamos?

– Preciso voltar para a minha antiga casa, lá tem algo que muito valioso que eu preciso!

Não foi difícil convence-los a me ajudar. Assim que Alice foi até o quarto de sua mãe, Travor e eu fomos até a garagem. Ao subir na garupa de sua moto mais uma doce lembrança me veio em mente, novamente Lucas dominava minha cabeça. “É por você meu amor!” pensei enquanto a moto começava a ganhar velocidade na estrada. Na noite em que Lucas havia me convidado para dar uma volta, ele havia me levado a um lugar especial, onde nosso amor estava eternizado em uma arvore. Aos poucos enquanto nos aproximávamos de minha casa as coisas começavam a se esclarecer em minha cabeça. ”O livro e a arvore, são pistas!”

– Chegamos! – disse Travor estacionando na entrada da casa.

Espere-me aqui fora, por favor! – tirei o capacete e pulei da moto. – Talvez tenhamos que ir a algum outro lugar.

– Tudo bem, eu vou esperar você!

Abri a porta calmamente, por momento eu esperava encontrar minha mãe por ali e que ela viesse me abraçar, uma amarga lagrima escorreu pelo meu rosto. Entrei fechando a porta com um dos pés e comecei a caminhar em direção a escada quando vi um vulto passar como um relâmpago pela cozinha, a porta estava aberta, pensei em ir até a cozinha para saber quem estava lá e por quê?

Meus passos já se dirigiam ao corredor quando um grito ecoou do lado de cima da casa, era um grito feminino e abafado, irreconhecível. Ignorei o fato de possivelmente haver alguém na cozinha e subi as escadas apressadamente. A porta de meu quarto havia sido arrombada, entrei vagarosamente e encontrei todas as minhas cosas reviradas, jogadas e até quebradas, havia marcas de sangue na parede e em alguns moveis. Um sussurro sofrível se fez ouvir do outro lado da cama e eu atravessei o quarto com meu coração disparado. Ao me aproximar avistei uma cena que me deixou horrorizado, ela estava caída no chão, sangrando e agonizando de dor.

– Jeniffer? O que houve? Quem fez isso com você? O que você veio fazer aqui? – minha cabeça dava voltas e mais voltas tentando entender o que se passava, tudo parecia ficar apenas mais confuso, cada vez mais.

– Eu não matei sua mãe... Nem a Linda... – ela me olhava nos olhos. – Ele quis me punir pelo que eu te fiz...

– Ele? De quem você está falando?

– Eu tentei impedi-lo, mas ele levou o livro... – os olhos de Jeniffer começavam a se fechar. – Bruno me perdoa... Você precisa impedi-lo!

– Jeniffer... Acorda! – comecei a balançar seu rosto tentando faze-la despertar. – Só me diz um nome, eu preciso que você seja forte!

Ajoelhado ao seu lado próximo a uma poça de sangue e toda aquela bagunça peguei o celular do bolso da calça e comecei a discar o número do doutor Thiago que eu havia memorizado mais cedo. Após explicar toda a situação, ele se comprometeu a vir o quanto antes prestar ajuda. Desci as escadas correndo e segui em direção à cozinha na esperança de encontrar quem havia feito aquilo com Jeniffer. Não havia ninguém, mas com certeza o Travor teria visto alguém sair. Disparei para o lado de fora, mas Travor já não estava mais por lá.

– Droga... Eu pedi para me esperar! – bati meu punho com força contra a porta.

Minha cabeça estava a mil, eu já não poderia mais contar com o livro, como eu conseguiria elucidar a situação se tudo dependesse daquele bendito livro? Lucas havia pegado o livro quando nos conhecemos, ele pode ter colocado alguma pista em uma das páginas, essa pessoa que machucou Jeniffer poderia ser responsável pelas mortes de minha mãe e Linda, esse alguém devia ter algum motivo muito sério que justificasse tais atos, mas qual? Naquele momento enquanto esperava pela chegada do doutor Thiago pensei na outra possível pista, o local onde Lucas havia se declarado pela primeira vez, na arvore que continha as nossas iniciais!

– Bruno... Você está bem? – perguntou aflito o doutor Thiago estacionando o carro a poucos metros de mim.

– Estou, mas a Jeniffer está ferida lá em cima... – Levantei-me da varanda – Preciso que você me ajude!

– Pode contar comigo! – ele me abraçou forte. – Não vou te deixar sozinho nessa.

– Thiago, eu não sei o que pode acontecer, mas você foi um anjo para mim desde que despertei! – tomado por uma estranha sensação de medo e de paz deixei meu coração falar me controlar, e eu o beijei!

CONTINUA...

Este capítulo foi dose não acha? Então espere só até o próximo (17/02/2014 – Segunda-feira), é chegado o grande momento em que as mascaras e os mistérios são arrancados. O capítulo ESPECIAL de LOVE ONE irá te surpreender. O primeiro beijo de amor entre Bruno e Thiago antecede a um grande risco que nosso mocinho está prestes a enfrentar. Jeniffer não matou Tereza e Linda, na verdade apenas foi mais uma vitima desse “alguém”. Alice não pretende se separar do bebe que espera. Travor também é gay. Raquel pretende infernizar a vida de Bruno. Quantas coisas...

Amanhã os mistérios terão seu desfecho, lembre-se que, a trama continua. O ESPECIAL de LOVE ONE está imperdível, te espero no capítulo 11 “Mundo de sombras” – Beijos e amaços na expectativa!

Comentários

Há 1 comentários.

Por jv em 2014-02-16 19:21:02
Uau quantas suspense, continua eu to loco pra saber o q vai acontece