Capítulo 16 - Os opostos se odeiam

Parte da série LOVE ONE

– Antes você vai ter que me dar um bom motivo para isto! – disse Thiago abrindo um belo sorriso tentando compreender-me melhor. – Tem haver com sua tia?

– É um garoto novo da minha classe, ontem foi seu primeiro dia e tudo o que ele fez foi infernizar meu dia. – desabafei. – E agora o Alex foi suspenso por quebrar o braço desse boçal.

– O que ele fez para que o Alex reagisse dessa forma?

– Espalhou para o colégio inteiro que eu tentei ficar com ele, o que é uma mentira!

– Eu acredito e confio em você, mas poxa não se pode resolver tudo a base de tiros.

– Funcionava há uns 100 anos atrás aqui em Scott Hise, ou devo dizer, velho oeste!

– Esse garoto não vai te diminuir com sua insignificância. Ignore-o por completo, ele vai se tocar! – Thiago me abraçou. – Agora vamos buscar sua prima e a pequena Vida no hospital?

– Claro, a Alice há essas horas já deve estar pronta para sua nova vida!

No hospital Alice estava radiante com sua princesinha entre os braços. Thiago teria que ficar para atender seus pacientes da tarde, nos despedimos com um selinho na portaria. Travor assim como eu paparicava a pequenina a todo instante. Entramos no taxi cantarolando. No apartamento ajudei Travor a levar as coisas de Alice para seu novo quarto.

– Seu namorado é um cara incrível! – disse Travor largando uma das malas pelo chão.

– Eu sei, quando completar meus 18, quero casar com ele!

– Se minha mãe descobrir que sou gay e me expulsar de casa... – Travor ficou vermelho. – Posso ficar com vocês?

– Claro que pode, aliás, a casa em que eu vivia vai ser minha quando eu tiver completado a maioridade, Alice, Vida e você poderão morar lá se quiserem!

– Poxa, nem sei o que dizer. – Travor pós a mão em meu ombro. – Mesmo depois de todo o mau que o meu pai te fez, mesmo assim você quer nos ajudar!

– Vocês são meus primos e não tem culpa do pai e mãe que tem. – coloquei a mão em seu ombro. – E eu gosto muito de vocês, são minha família!

Reunidos no sofá da sala do apartamento em que Thiago e eu vivíamos há algum certo tempo como se já fossemos casados, a alegria parecia não ter mais fim. Travor nos contava algumas de suas experiências com outros garotos, dos medos que sentia e das inúmeras vezes que se viu a beira de um abismo sem fim, mas tudo de um jeito muito engraçado e descontraído. Alice aproveitou para falar um pouco sobre o pai de Vida.

– O Miguel nunca soube que eu estava gravida, minha mãe desde o primeiro momento quis me fazer tirar minha princesinha. – desabafou ela. – Ela quase me convenceu, mas o Travor sempre esteve do meu lado, meu irmão foi e é o melhor de todos os irmãos!

– Até mesmo porque a senhorita não tem mais nenhum, ou tem? – questionou Travor com uma cara de bobo da corte nos fazendo cair na gargalhada.

– Esse garoto, Miguel... Você não acha que ele merece saber que é pai dessa bonequinha linda? – questionei-a.

– Sim, mas com que cara eu vou bater na porta dele e dizer: Miguel quanto tempo? Aliás, durante nove meses eu estive gravida de você, ah... E essa é a sua filha!

– Talvez com essa mesma cara e essas mesmas palavras! – concluiu Travor que levou um beliscão da irmã.

– Você só precisa dizer a verdade para ele, aposto que ele vai entender seu silêncio. – disse eu enquanto pegava Vida no colo.

– Ele também vai entender eu ter sumido de sua vida desde que descobri minha gravidez?

Eu já me preparava para responder o que eu pensava sobre toda aquela situação quando a campainha começou a tocar, eu já ia me levantar com Vida em meus braços quando Travor foi mais rápido e se ofereceu para abrir a porta. Ao abri-la um desconfortável silencio invadiu o espaço até então alegre.

– O Bruno está? – perguntou Alex do lado de fora.

– Pode entrar Alex! – disse eu percebendo o silêncio de Travor.

– Se incomodo posso voltar outra hora...

– Claro que você não incomoda! – falei interrompendo-o.

– Acho que já deu minha hora, obrigado por cuidar da Alice e da Vida. Tchau! – Travor já ia saindo de cabeça baixa quando Alex segurou em seu braço. – Me solta!

– Com todo o prazer, mas antes você vai ter que me olhar nos olhos e dizer o que tiver para me dizer, eu matei seu pai. Se quiser, me bata, mas não fuja de mim! – disse Alex encarando-o.

Alice e eu nos encarávamos sem saber o que dizer e tão menos o que esperar daquilo, eu sabia o quanto o Alex podia ser temperamental e entendia a dor de Travor, no fundo eu havia sido o pivô de tudo aquilo e, no entanto duas pessoas que eu admirava estariam uma contra a outra por minha causa?

– Alex... Travor... Não acham que seria melhor uma conversa civilizada? – tentei amenizar um pouco a situação.

– O Bruno tem razão, vamos conversar! – disse Alice concordando com minha sugestão.

– Eu não tenho o que conversar, agora ou você me solta ou eu vou ter que me soltar de outro jeito.

– Você me odeia pelo que eu fiz? Que filho não odiaria o cara que matou seu pai? – provocou Alex.

– Vou repetir pela última vez, me... Solta! – a voz de Travor estava mais ofegante e seus olhos pareciam se perderem na imensidão do nada.

– Então você vai ter que se soltar a força, não vou deixar que me odeie sem que antes saiba o porque de eu ter feito o que fiz! – disse Alex com segurança.

– Eu sei o que houve, meu pai era um monstro. Não precisa me lembrar disso o tempo todo! – Travor conseguiu soltar seu braço de Alex. – Não te odeio você apenas é a face que me revela a mentira que vivi até então.

– E isso te assusta? – questionou Alex.

– Eu acho melhor a gente ficar longe, não te julgo por salvar meu primo, mas te olhar é como admitir que sou uma mentira ambulante! – Travor se virou para ir embora.

– Você não é uma mentira, você só é um garoto mimado que não consegue distinguir o mundo de seu próprio umbigo. – provocou Alex.

Travor saiu batendo a porta com raiva, assustando Vida que começou a chorar e só se acalmou nos braços da mãe. Alex veio em nossa direção com uma expressão de alivio por ter dito aquelas coisas todas.

– Relaxa ai que eu não tenho nada contra você! – disse Alice para Alex.

– Desculpem-me pelo que acabou de acontecer, eu não podia ficar quieta e me sentir o pior covarde desse mundo! – desabafou ele sentando-se do meu lado.

– Quem se sente assim é o Travor, aliás, vocês dois dariam um belo par! – disse Alice.

– Concordo, mas o Bruno já é feliz com o Thiago...

– Eu me referia a Travor e você. – Alice deu uma leve risada. – Vocês dois juntos seria algo muito divertido e intenso!

– O que eles colocam na sopinha do hospital? – perguntou Alex em um tom de deboche.

– Okey! Eu também acho esse casal um máximo, mas vamos ao que interessa agora. – interferi-os. – Alex a gente precisa colocar seu plano em pratica o quanto antes!

– Eu sabia que você diria isso por tanto antes de vir para cá liguei para a Jeniffer e marquei com ela para acertarmos todos os detalhes aqui. – disse ele com um entusiasmo enorme enquanto Alice fazia cara de nojo.

– Aquela piranha vai vir aqui? – questionou ela em um tom de protesto. – Vocês dois são amiguinhos daquela vaca?

A campainha tocou. Alex foi correndo abrir a porta e Jeniffer entrou se sentindo a dona do pedaço, toda cheia de si, com um ar de rainha soberana.

– Hum... A loirinha aguada está aqui e pelo que vejo não sou bem eu a vadia, ao menos não engravidei de qualquer um! – provocou Jeniffer.

– Dobre bem essa sua língua de trapo antes de dizer qualquer coisa sobre minha filha, se você for louca de tentar eu juro que seus dois amiguinhos não vão conseguir te proteger. – gritou Alice furiosa.

– Alice eu...

– Cala a boca Bruno, eu nunca podia imaginar que você fosse capaz de ser amiguinho dessa aí. – Alice se levantou com sua filhinha no colo. – Eu vou embora desse apartamento agora mesmo!

CONTINUA...

O clima pesou primeiro o embate entre Alex e Travor. Depois Alice se volta contra Bruno pensando que seu primo era aliado da megera teen. Pelo que podemos perceber esta rivalidade não é de hoje, assim o mal entendido se fez entre ambos. O que esperar desses encontros bombásticos?

Continue ligado nas emoções de LOVE ONE – Beijos e amaços confusos!