Capítulo 22 - Algum lugar entre a razão
Parte da série LOVE ONE
– Quem está ai? – perguntei me virando para trás enquanto sentia meu coração querendo sair pela boca. – O que faz aqui?
– Eu sempre te esperei voltar, algo em mim me dizia que você voltaria por mim!
– Cara eu não estou brincando... Aparece... Isso não tem graça! – meu desespero só aumentava, um doido havia invadido a casa. E se ele fosse um doente compulsivo por assassinatos em série? Meu corpo tremia só de pensar.
– Bruno, eu te esperei por um ano! – disse um rapaz emergindo da escuridão.
– Quem é você? E a propósito meu nome é Diego. Prazer né! – estendi meu braço para o estranho, definitivamente uma pessoa normal jamais tentaria fazer uma social com o cara que invade sua casa.
– Você não se lembra de mim? – em seu rosto havia se formado uma expressão de frustração.
– Eu nem te conheço, mas se você quiser eu posso te ajudar a voltar para o hospício de onde deve ter saído? – em momentos como aquele e eu ainda conseguia fazer piada, se ele estivesse armado ou algo assim... Talvez eu pudesse morrer rindo?
– Alex... Eu sou o cara que mais te ama nesse mundo, talvez eu possa te tirar dessa. É o que eu farei meu Bruno! – suas mãos passeavam por meu rosto e de seus olhos escorriam lágrimas. O cara só podia ser um maluco, quem era esse tal Bruno e porque ele achava que eu fosse esse Bruno?
– Olha você não está dizendo coisa com coisa e eu... – parei de falar quando ouvi o barulho do carro estacionando na garagem, olhei a hora no celular, justo naquele momento meu pai havia decidido voltar mais cedo, se visse aquele cara no meu quarto com as luzes apagadas, com certeza ele pensaria em algo distante da realidade. – Alex... Certo? Você precisa sair daqui agora, se meu pai te pegar aqui eu tô ferrado! – tentei soar o menos desesperado possível até que barulhos de passos começavam a ecoar pelo corredor, sem pensar duas vezes pulei da cama e empurrei aquele cara para dentro do armário. – Fica aí e não faz nenhum barulho!
A porta se abriu e meu pai olhava atentamente em todas as direções, como se desconfiasse de algo. Nunca fui tão bom com mentiras, mas talvez aquela fosse a oportunidade certa para livrar o meu pescoço, e tudo por causa de um maluco.
– Diego está tudo bem?
– Se está tudo bem? Na verdade tem um serial killer trancado no meu armário!
– E um bicho papão de baixo da cama, certo?
– É... Vou dormir, o dia foi longo. Boa noite pai!
Assim que meu velho saiu do quarto fui correndo trancar a porta e o cara maluco saiu do armário com aquele mesmo olhar de admiração, um olhar que parecia contemplar algum tipo de visão do paraíso. Ele certamente devia estar drogado.
– Ótimo agora senhor Alex sei lá o que? Você vai ter que dar um jeito de ir embora sem que meu pai te veja, consegue pular a janela?
– Bruno eu não posso te deixar aqui, aquele homem não é o seu pai e você não é quem pensa que é! – disse ele se aproximando de mim.
– Que viajem doida cara, que pó você andou cheirando? – me afastei um pouco.
– Você não morreu alguém está por trás disso, mas por quê?
– Não, eu nunca morri que papo maluco é esse? Vai me dizer que eu sou algum tipo de conspirado ou algo do gênero? Amarra-se em ficção não é? – ensaiei um sorriso bobo.
– Você me conhece só não se lembra, veja! – ele tirou do bolso da calça um celular e me mostrou algumas fotos.
– Meu deus... – passei a mão em meu rosto sem poder acreditar no que via. – Esse garoto parece comigo... Esse que é esse tal de Bruno?
– É você, meu amor! – Alex passou a mão sobre meu rosto delicadamente e com um sorriso tenso prosseguiu. – Vou te contar toda a verdade, aquela que arrancaram de você.
Alguns minutos ou horas haviam se passado no silêncio mais drástico, eu não tinha a menor noção de tempo depois das coisas que ele me disse. A história daquele meu sósia era muito surreal, primeiro seu pai morrer em um suposto assalto, depois um misterioso sujeito lhe faz ter duvidas inexplicáveis e acaba morrendo em seus braços. Naquele mesmo dia ao sair do hospital é atropelado por uma garota fútil, segundo minhas palavras já que as dele foram um tanto quanto mais indelicadas, ótimo, mas como se já não bastasse esse Bruno acorda de um coma e descobre que sua mãe e melhor amiga foram mortas, enfim... Era tudo muito surreal, mas a história parecia apenas ficar cada vez mais e mais nebulosa.
– Tudo isso deve ter sido horrível, meus pêsames! – falei quebrando a atmosfera de silêncio.
– Por algum motivo alguém quis destruir Scott Hise e quis mantê-lo vivo. De alguma forma é como se te dessem uma nova vida. Apagaram-me de você!
– Pelo que você me contou... Foi esse tal de Arthur... Certo? Mas as coisas não se encaixam muito bem... Como um adolescente recém-chegado e suposto filho do malvado soberano que você matou iria ter acesso a um arsenal de bombas? E como ele sozinho espalharia isso por toda a cidade e sem ser percebido?
– Bruno eu não sei bem o que se passa, mas tem alguém que pode nos ajudar a entender, a te devolver seu passado e impedir que te roubem de mim novamente! – disse ele enquanto me abraçava.
– E quem seria este alguém?
– Sua tia Cristal, aquela que todos achávamos que havia ido morar na Espanha. Eu sei onde ela está e você precisa encontra-la!
– Que tal amanhã pela tarde? – disse aquilo só para enrola-lo, que história maluca esse meu sósia vivia, eu hein. – Boa noite!
– Bruno você precisa vir comigo agora mesmo... Se te fizeram voltar para cá, para a sua casa. Eles devem ter um plano em mente e eu nunca mais vou permitir que te usem!
– Seu Bruno está morto e pelo que você me disse enterrado também, eu nunca poderia ser ele! – me sentei na cama. – Eu sei quem sou e, me chamo Diego e nunca estive nessa cidade antes!
– Acontece que no dia seguinte do seu enterro eu voltei para aquele cemitério e encontrei seu tumulo aberto, não tinha mais nada no lugar. Quando voltei transtornado para Scott Hise que estava em destroços eu conheci sua tia Cristal. Ela me disse poucas palavras, mas que fizeram todo o sentido e desde então eu soube que você voltaria!
– Okey... Você devia ser um escritor! – debochei.
– Você não está entendendo nada, você vem comigo de qualquer jeito Bruno. – ele segurou em meu braço. – Por favor, não me faça usar métodos mais difíceis!
– Tudo bem, mas depois disso você promete que me deixa em paz?
– Eu faço o que você quiser, mas vem comigo!
Destranquei a porta e saímos de fininho, assim que deixamos a casa andamos por alguns quarteirões, não havia o menor sinal de vida pelas ruas, as pessoas dessa cidade não deviam ser muito adeptas a vida noturna. Paramos em frente a um uno branco e ele me mandou entrar.
– Onde você está me levando? Se você quiser me sequestrar, olha meu pai não é tão rico assim, você podia tentar, sei lá? Que tal assaltar um banco?
– Vamos sair da cidade, não é seguro permanecermos por aqui.
– Essa tal de Cristal está esperando o Bruno e não a mim...
– Você é o Bruno, nós vamos encontrar um jeito de te fazer lembrar... Aliás, antes disso quero te dizer que te amo muito e por muito tempo!
– Alex... – aquelas palavras de algum modo pareciam ter mexido comigo. – Para de me confundir com seu amor, eu não posso te enganar me fazendo passar por um morto, mesmo que você seja tão lindo!
– Algum dia assim que toda essa loucura passar seremos muito felizes, você e eu!
Havia se passado uns 30 minutos na estrada, Alex realmente era o tipo de cara que não conhecia o significado da frase “Dirija com cuidado”, dentro de mim havia um misto de confusão e de emoção, de alguma forma aquele sujeito maluco e lindo havia me feito imaginar coisas bizarras, “Sem chance” pensei. Logo Alex havia parado em frente a um bar no meio do nada, o local de fora já parecia uma espelunca, não seria nada difícil imaginar o que nos esperaria do lado de dentro. Entramos e não havia ninguém por ali.
– Bruno me espera aqui, preciso avisa-los que você já chegou! – disse ele atravessando o balcão e seguindo em direção a uma porta do outro lado.
– Espera... Avisar a quem? Que lance é esse cara?
– Não sai daí, Bruno a gente precisa de você e você precisa da gente! – Alex entrou por aquela porta sem dizer mais nada.
– Então tá né! – debrucei-me sobre o balcão que estava bem empoeirado, aquele não era um ambiente nada familiar.
Eu olhava cada ângulo do ambiente tentando imaginar que tipo de pessoa frequentaria uma espelunca daquelas, óbvio que o Alex se enquadraria muito bem nesse ambiente, mas algo nele me soava um tanto quanto sofisticado para este tipo de lugar. Sentei-me em um dos bancos enquanto dois sujeitos mal encarados entraram. “Vai ver são as pessoas que aquele maluco espera?” pensei. Ambos eram altos, com cara de poucos amigos e vestiam ternos negros, algo não muito convidativo.
– Finalmente nosso mestre terá o que tanto quer! – disse um dos armários enquanto o outro sacava um revolver do bolso da calça social.
– Ei... Quem são vocês? Que papo doido é esse e o mais importante... O que você vai fazer com isso? – o sujeito apontou a arma em minha direção, provavelmente aquele não era o meu dia de sorte.
– Sua parte já foi feita garoto, agora sim você pode descansar para sempre! – o outro também sacou um revolver. – Que tal atirarmos ao mesmo tempo?
– Legal vou ser fuzilado porque ao invés de estar na cama sonhando com algo do tipo vivendo a vida adoidada, estou em uma espelunca na divisa entre o fim do mundo? A proposito eu acabei de sair do fim do mundo! – referi-me à Scott Hise, algo me dizia aquele não era o momento mais apropriado para fazer piadinhas.
– Que tal no três? – disse um deles, eles pareciam ignorar completamente o que eu dizia.
– Só tem gente louca por aqui? Se vão me matar que seja, mas antes me digam o porquê? Ah... Já sei, é porque eu me pareço com esse tal de Bruno certo? – eles se olharam rindo e voltaram a me encarar. – Eu não sou esse Bruno, mas dane-se, eu não vim aqui para ser fuzilado!
– Nosso mestre contava que você pudesse nos trazer até a nossa fugitiva!
– Vocês estavam me seguindo? Que merda é essa? – gritei.
– Chega de conversinha vamos dar um descanso para nosso bichinho! – ambos engatilharam suas armas e eu fechei meus olhos, a última coisa que desejaria ver seria minha própria sentença de morte. – Três... Dois... Um...
CONTINUA...
Ao longo de toda a trama desde o começo deixei várias pontas soltas que agora vão começar a encaixarem, já estamos bem próximos da grande revelação. Os capítulos finais da primeira temporada de LOVE ONE serão bem esclarecedores, já no próximo capítulo Alice e Travor descobrirão que Raquel não é a mãe deles, a vilã tentará matar Alex e sobre Diego bom... Ele também terá seu anjo da guarda!
Recentemente recebi um comentário no site Romance Gay, o autor de tal opinião se expressou dizendo que a série LOVE ONE está um lixo. Tudo bem, não posso agradar a todos e tampouco vou censurar este tipo de opinião, agradeço a quem fez tal comentário porque é isso o que eu quero que meus leitores digam o que pensam se gostam ou não! Não me chateia uma critica, ainda tenho muito que aprender, eu sei disso. Por isso que conto com vocês para me dizerem sempre o que acham, independentemente se for algo bom ou não. Pelo que sei a grande maioria dos leitores gostam da série, mas quando não gostarem de algo podem se expressar livremente, obrigado a todos de coração hoje e sempre. Beijos e amaços democráticos!