Mais que uma lembrança [parte 12]

Conto de LipeWriter como (Seguir)

Parte da série Mais que uma lembrança

Acordei com meu celular vibrando no criado-mudo, ainda estava escuro, li a mensagem do Bruno, que dizia: "Lucas, meu pai mudou de ideia e estamos indo pra casa da minha avó hoje, voltamos amanhã de tarde! Tentei falar com você ontem de noite, mas sua mãe disse que você não estava em casa...".

Na hora eu estava sonolento e não pensei no que aquilo significava, eu só me preocupei em fechar os olhos de novo e dormir. Acordei com frio, meus pés estavam gelados, parecia estar mais claro lá fora. Forcei os olhos pra ver o Gustavo deitado na outra cama. Uma de suas pernas estava dobrada, erguida.

Lucas: Tá acordado? - sussurrei.

Gustavo: To... - ele disse se sentando na cama.

Lucas: Tá frio...

Gustavo: Aham. É o inverno chegando.

O Gustavo abriu a janela, o sol estava bem fraco. Um vento gelado entrou no quarto.

Gustavo: Tava frio assim ontem de noite?

Lucas: Não que eu me lembre!

Nos levantamos, fomos ao banheiro, um de cada vez, e descemos até a cozinha. Não havia ninguém lá. Olhei para o relógio, cutuquei o Gustavo e sussurrei: Olha a hora...

Gustavo: Sete e meia, como conseguimos acordar tão cedo?

Lucas: Boa pergunta...

Gustavo: Meus pais ainda devem estar dormindo.

Tomamos café sozinhos, ficamos sentados conversando. Até me lembrou a vez em que fiz essas mesmas coisas com o Bruno.

Lucas: Ai, caramba!

Gustavo: Que foi?

Lucas: O... Meu namorado mandou uma mensagem durante a noite, eu li meio sonolento e nem respondi.

Na hora peguei meu celular, li de novo a mensagem e respondi desejando boa viagem e dizendo que ia sentir falta dele. Antes que eu terminasse de escrever, o Gustavo perguntou: "Um dia vou saber quem é esse cara?".

Lucas: Quem sabe! Depende dele...

Gustavo: Então tá...

Logo o Bruno me respondeu: "to na estrada, onde você tá?".

Respondi: "to na casa do Gustavo... ele chamou eu e mais algumas pessoas pra ver filme ontem de noite... Eu dormi na casa dele... desculpa não ter te falado antes".

Bruno: "mais alguém dormiu aí?".

Lucas: "não, só o Gustavo, eu, e os pais dele, claro!".

Bruno: "tudo bem, então. Amo você".

Lucas: "amo você também".

Essa foi a última vez que falei com ele. Depois disso, ele não respondeu mais. Talvez o celular tenha ficado sem sinal, ou acabado a bateria... Sei lá.

Gustavo: E esse coração no seu pescoço?

Lucas: Essa metade de um coração? Ele que me deu!

Gustavo: Imagino que ele tenha um também!

Lucas? Sim, ele tem a outra metade...

Gustavo: Que fofo... Vou ficar de olho agora, procurar uma corrente dessa no pescoço de todo mundo...

Demos risada juntos, e ele continuou: "vocês já transaram?".

Demorei um pouco pra responder, e então ele me disse novamente: Desculpa, não é da minha conta.

Lucas: Tudo bem... A resposta é sim.

Gustavo: Você deve ser o ativo...

Fiz que sim com a cabeça e ele mordeu o lábio inferior...

Gustavo: Eu só fiz uma vez... E fui passivo!

Lucas: Acho que nunca vou saber quem é o cara...

Gustavo: Você não conhece... É um garoto que eu conheci num curso que fiz ano passado, no última dia de curso, ele me levou pra casa dele e acabou rolando!

Lucas: Já faz um tempinho, então...

Gustavo: Sim, você chegou a ver ele uma vez, quando ele foi me encontrar na saída da aula. Ele é loiro, baixo e malhado...

Lucas: Não lembro...

Gustavo: Imaginei...

Lucas: Foi sua primeira vez com ele?

Gustavo: Foi minha primeira vez na vida, e depois, nunca fiquei com mais ninguém.

Lucas: Hum, que coisa... E como foi?

Gustavo: Aah, foi bom. Ele era um ano mais velho, e eu acho que não fui o primeiro dele. E acho que ele só fez por diversão.

Lucas: Você amava ele?

O Gustavo fez que sim com a cabeça.

Gustavo: Ele não me procurou mais depois daquele dia. Mas tentei ignorar, manter só as boas lembranças...

Lucas: Entendo...

Gustavo: Parece que nós dois sabemos bem o que é sofrer por amor, né?

Lucas: Sabemos muito bem como é...

Ficamos em silêncio por algum tempo... Até que o Gustavo falou...

Gustavo: Você e o Bruno são muito amigos, não é?

Lucas: É... É sim.

Gustavo: Hum, legal ter um amigo assim...

Pra mim já ficou claro que ele, no mínimo, desconfiava que o meu namorado era o Bruno. Talvez só não tivesse dito logo de cara por ainda não ter certeza. Mas ele confirmaria quando visse o Bruno de novo. Com certeza notaria a corrente no pescoço do Bruno.

Logo os pais do Gustavo acordaram, sentaram-se conosco e ficaram conversando com a gente. Pareciam menos "tímidos" do que na noite anterior. O primeiro a sair da mesa foi a mãe do Gustavo, depois o pai dele se levantou, e, enfim, nós dois levantamos, ajudamos a arrumar a mesa e depois fomos à sala.

Ficamos assistindo TV por um tempo. Por volta das dez da manhã, eu achei melhor ir embora, o Gustavo e os pais dele insistiram, me pedindo pra que eu ficasse, mas eu insisti em ir. Não sei por que, já que eu não tinha nada pra fazer em casa!

Tomei um banho quente quando cheguei em casa, vesti uma calça e camisa, depois fui ajudar minha mãe com algumas coisas. O resto do dia passou devagar, sem o Bruno, sem Gustavo, e sem o Davi pra me perturbar! Mas, enfim eu tive um tempo sozinho!

Dormi cedo no sábado, e acordei tarde no domingo. Acordei bem disposto, um pouco sonolento e mau humorado no começo, mas nada que não tenha passado depois de alguns minutos.

A tarde, eu me acomodei em um sofá e fiquei assistindo TV quase a tarde toda, não recebi mensagens do Bruno, nem ouvi a voz do Davi em lugar algum. O Gustavo também não me procurou, eu já estava até estranhando! Estava tudo calmo... Talvez o Davi não soubesse da viagem do Bruno, pois, se soubesse, eu sabia que ele apareceria pra infernizar meu dia. mas eu estava pensando isso cedo demais. Por volta das quatro da tarde, a mãe do Davi apareceu em casa, ele estava junto, mas não fez nada errado.

A mãe dele foi ver minha mãe. Como já foi dito em um capítulo anterior, as duas eram boas amigas, e ainda não tinham se visto desde que a família do Davi voltou.

Apesar de tudo, ele e eu não conversamos muito.

Quando a noite chegou, e ficou ainda mais frio. Eu tomei um banho quente e me agasalhei, mesmo dentro de casa estava bem frio. Mas, se eu soubesse, e pudesse parar no tempo, eu teria parado naquele momento em que me agasalhei e me sentei na frente do PC. Porque alguns minutos depois, a campainha tocou, eu não me preocupei em descer, minha mãe atenderia, afinal, pensei que não seria ninguém importante.

Em pouco tempo minha mãe entrou no quarto.

Jaqueline: Filho, pode vir aqui um minuto?

Ela parecia um pouco triste, preocupada, talvez! É difícil descrever o que minha mãe parecia sentir naquele momento. Segui ela sem perguntar nada, ela me levou até a sala. Fiquei contente ao ver a Elisa sentada ao sofá, isso queria dizer que o Bruno estava lá também, talvez tivesse ido ao banheiro.

Elisa: Boa noite, Lucas.

Lucas: Oi, Elisa. Boa noite!

Elisa: Tá se sentindo bem?

Estranhei a pergunta.

Jaqueline: Filho, senta aqui.

Me sentei no sofá, já sem entender nada.

Lucas: O que eu fiz?

Elisa: Nada, querido... Vim falar sobre o Bruno.

Lucas: O que tem o Bruno? Ele veio? Cade ele?

Jaqueline: Se acalma, filho!

Lucas: Eu to calmo! - falei um pouco alto. Eu já não estava mais tão calmo. Pensei que elas só podiam ter descoberto sobre nós dois.

Ela me olhou, percebi que os olhos dela encheram de lágrimas, respirou fundo e falou em voz baixa: Meu ex-marido e o Bruno sofreram um acidente quando voltavam da casa da minha sogra hoje de tarde.

Comentários

Há 3 comentários.

Por david em 2014-03-05 11:41:43
Porra...suspirando fundo!!! continua...
Por _hunter em 2014-02-24 19:20:21
:)
Por Vane em 2014-02-17 02:04:15
Continua Please .