Mais que uma lembrança [parte 18]

Conto de LipeWriter como (Seguir)

Parte da série Mais que uma lembrança

O Vinicius e eu ficamos um tempo assistindo TV naquela tarde. Ele não trabalhou mais, disse que estava com as coisas um pouco adiantadas e podia tirar um tempo pra si mesmo. Meu celular vibrou várias vezes, eu olhei, e sempre era uma mensagem do Davi perguntando onde eu estava. Não respondi nenhuma e depois de receber cerca de 8 mensagens, eu só mandei uma mensagem pra minha mãe dizendo: "to com o Vinicius... bateria do celular tá acabando". E logo depois desliguei meu celular.

Vinicius: Algum problema?

Lucas: Não... É que tem gente que não tem muita noção...

Vinicius: Entendo...

Na hora ele se levantou e foi pra cozinha.

Vinicius: Você bebe?

Lucas: Não.

Vinicius: Que bom, porque eu ia odiar oferecer coca cola se você bebesse.

Lucas: Você também não bebe?

Vinicius: Não... Só em raras ocasiões...

Lucas: Da última vez que eu bebi, acordei na cama do Davi sem saber o que tinha feito.

Quando me dei conta do que tinha dito, olhei e vi o Vinicius com os olhos arregalados. E então tentei me explicar.

Lucas: Não que tenha acontecido algo...

Vinicius: Entendi. - Ele disse me dando um copo de coca cola. - Quer comer alguma coisa?

Lucas: Não, obrigado. Como é morar sozinho?

Vinicius: Morar sozinho? Bom, você pode fazer a bagunça que quiser, claro que tem que respeitar os vizinhos, ainda mais quando se está num prédio. Mas você pode andar pelado em casa, por exemplo.

Tentei imaginar o Vinicius pelado. Não foi uma boa ideia. Quando olhei pra ele de novo e vi seus braços definidos, e seus lábios finos, eu perdi a razão por um segundo. Virei o copo de coca, tentando tirar aquilo da cabeça.

Vinicius: Quer mais?

Lucas: Não... Eu preciso usar o banheiro...

Vinicius: Pode ir, já sabe onde é...

Sai da cozinha sem olhar pra ele de novo. Me tranquei no banheiro. Aquele calafrio no peito que eu não sei descrever. Talvez como uma pedra de gelo no coração? Acho que isso é frio demais. Talvez seja melhor dizer que é como se o coração estivesse excitado!

Não fiz nada no banheiro, mas dei descarga e lavei as mãos pra disfarçar. Joguei uma água no rosto também, pra ver se assim eu recuperava a razão.

Saí e encontrei o Vinicius perto da porta do banheiro.

Vinicius: Eu falei alguma coisa errada?

Lucas: Não...

Vinicius: Você ficou estranho de repente... Se eu fiz alguma coisa, me desculpa!

Lucas: Você não fez nada errado! Só tenho a te agradecer!

E então ele sorriu.

Vinicius: Então tá...

Ele me arrastou pra cozinha de novo. Vi que tinha louça na pia...

Lucas: Quer ajuda com essa louça?

Vinicius: Aah, eu vou lavar alguma hora... Não precisa de preocupar...

Lucas: Tem certeza?

Vinicius: Bom... Tá a fim de me ajudar?

Lucas: Sim!

Só sei que eu não queria ir embora... Minha vontade era de ficar ali com o Vinicius.

Eu comecei a lavar a louça e o Vinicius secava e guardava. Depois ele saiu e voltou com dois copos da sala. Deixou dentro da pia, eu lavei e ele secou e guardou.

Lucas: Pronto! - falei depois de lavar o último copo. E então me virei e encostei na pia. Fiquei olhando ele pegar o copo, e se esticar um pouco pra por o copo da prateleira alta do armário. Quando ele se virou pra mim, sorrindo, eu tentei desviar o olhar.

O relógio estava marcando cinco e meia, então achei melhor ir pra casa. Mas antes, eu tive que fazer uma coisa...

Lucas: Vinicius?

Vinicius: Que foi?

Lucas: Você quer ir jantar em casa hoje? Depois nós podemos ficar vendo filme, e você pode dormir em casa!

Ele arregalou os olhos quando eu terminei de falar. E então sorriu.

Vinicius: Não vou atrapalhar?

Lucas: Claro que não!

Vinicius: Bom, então acho que eu aceito seu convite.

Percebi que eu estava sorrindo, então só tentei controlá-lo.

Vinicius: Que hora eu posso ir pra lá?

Lucas: Bom, seis e meia a Elisa passa me pegar pra ir visitar o Bruno! O mais tarde que eu posso voltar é sete e meia... Pode aparecer lá qualquer horário depois disso... ou até antes, mas aí você vai ter que me esperar com minha mãe.

Vinicius: Tudo bem... Eu vou.

Apertamos as mãos, mas ele acabou me acompanhando até a portaria. Me despedi do Afonso e fui embora. Cheguei em casa faltando dez para as seis.

Jaqueline: Poxa, onde estava?

Lucas: Com o Vinícius.

Jaqueline: Mas onde?

Lucas: No apartamento dele... Passamos do parque e depois fomos lá.

Achei que já era tarde pra ir tomar banho. Então me sentei na mesa com minha mãe, contei a história do Vinicius pra ela, e contei que eu tinha chamado ele pra ir em casa, falei que ele precisava de um bom amigo e eu queria ajuda-lo nessa fase difícil. Ela ouviu tudo sem interromper, e quando eu terminei de contar tudo, ela sorriu.

Jaqueline: Tenho muito orgulho de você!

Foi a melhor coisa que ela podia ter dito. Ela se levantou da mesa, me deu um beijo na testa e depois voltou a organizar o armário. Então eu subi ao meu quarto e coloquei uma roupa mais quente! Porque o frio estava ficando pior!

Fiquei esperando a Elisa passar. E quando ela chegou, eu me despedi da minha mãe e saí.

Elisa: Como você tá?

Lucas: Bem. E você?

Elisa: Bem.

Ela parou no estacionamento e eu desci. Vi o irmão do Bruno descendo de um carro não muito longe do nosso. Por algum motivo eu não gostava dele. Dessa vez eu vi uma corrente em seu pescoço. O Bruno me disse que o irmão dele também usava com a namorada. E que ela que tinha dado um par ao Bruno.

Ele chegou perto, apertou minha mão e deu um beijo no rosto da Elisa.

Nós subimos e encontramos tudo como sempre. Nada tinha mudado. Por um momento senti vontade de chorar de novo. Eu não entendi direito porque. Mas segurei o choro.

A Elisa e o Tiago conversaram bastante. Ninguém falou comigo, então fiquei em silêncio no meu canto. Eu nunca fui muito religioso, não costumo ir à igreja e nem rezar antes de dormir. Mas naquele momento eu me sentei na cadeira e tentei rezar. Mas os sussurros dos dois me incomodavam, e eu acabei não terminando.

Cheguei perto do Bruno e só toquei no braço dele. Fiz um pedido, mentalmente, pra ele ele acordasse logo.

Enxuguei as lágrimas quando a Elisa me chamou pra ir embora.

Cheguei em casa eram sete e dez da noite. O Vinicius ainda não tinha chego. Me sentei no sofá, apoiei os cotovelos nos joelhos e cobri o rosto com as mãos. Minha mãe se aproximou de mim, em silêncio, acho que ela teve medo de que eu carregasse notícias ruins.

Jaqueline: Que foi, filho?

Sussurrei "nada", me levantei e fui pra cozinha beber água. Depois fui tomar banho!

A campainha tocou por volta das vinte para as oito da noite. Eu estava no banheiro, então quem recebeu o Vinicius foi minha mãe. Eu podia ouvir ela falando "Ele está no banheiro", "Fica a vontade". Quando cheguei na sala, o Vinicius estava sentado num sofá, estava com uma calça preta e uma camisa cinza clara com manchas em cinza escuro. Ele estava lindo daquele jeito.

Lucas: E aí... Quanto tempo...

Vinicius: Tempão, né?

Eu dei uma risadinha e me limitei a um aperto de mão. Depois levei ele até meu quarto. Ele deixou a mochila com as coisas que tinha levado em cima da minha cama. E depois nós voltamos até a cozinha. Minha mãe estava começando a preparar a comida.

Lucas: Olha aí, Vinicius... Você não disse que precisa aprender a cozinhar? Minha mãe é a melhor. - falei sorrindo.

Ela riu também, e então eu falei: "Desculpa, mas eu contei pra ela o que aconteceu... Ela não vai espalhar pra ninguém, pode confiar".

E então vi ele olhando pra minha mãe, que acenou que sim, e sorriu pra ele. Depois ela disse: "você pode contar com a gente pro que precisar, querido".

Ele esfregou os olhos. Não sei se tinha começado a chorar... Mas então ele chegou mais perto da minha mãe e ela começou a falar como ela preparava algumas coisas mais básicas. Eu me sentei e fiquei observando. O Vinicius era tão educado! E logo de cara já se deu muito bem com minha mãe. Fiquei ali olhando os dois conversando e rindo. Ele tinha um sorriso contagiante. Daqueles que você tem vontade de congelar pra ver sempre que quiser!

No fim, o Vinicius fez quase toda a comida. Minha mãe só foi dando as instruções, e ele foi fazendo. Era um pouco desajeitado, mas aos poucos foi ficando mais esperto e ágil com as coisas.

Quando nós três sentamos pra comer, eu falei brincando: Será que é seguro comer?

Vinicius: Sem graça... Come logo... Eu que fiz!

Lucas: É por isso mesmo... Vou esperar alguém comer e ver a reação da pessoa.

Vinicius: Chato... - ele disse rindo.

Nem lembro quem foi o primeiro que comeu, mas eu não fiz questão de esperar, não fui o primeiro por ordem natural mesmo. Se não me engano, minha mãe foi a primeira a comer, porque lembro que ela disse: Olha, tá muito bom, Vinicius. Já pode casar.

Ele sorriu, e então nossos olhares de cruzaram por um momento. Eu comecei a comer e depois falei: Tá gostoso mesmo...

Vinicius: Viu só? - ele disse batendo no meu braço.

Minha mãe deu uma risadinha e continuou comendo. Eu também não parei de comer. Estava gostoso mesmo!

Quando acabei o primeiro prato, e peguei mais um pouco, o Vinicius disse: Olha aí, adorou minha comida!

Lucas: Não se acha não hein...

Vinicius: Tá até repetindo...

Lucas: É pra que você não se sinta mal...

Ele riu bastante. Acho que fazia um tempo que ele não se sentava em uma mesa e comia com alguém que ele conhecia de verdade! Fiquei olhando pra ele, que ergueu os olhos depois de um tempo. Nossos olhsres se encontraram e ele foi o primeiro a sorrir. Eu estava pensativo demais, então demorei pra sorrir também.

Minha mão se contentou com um prato só, o Vinicius comeu dois pratos também. E depois todos ficamos sentados, pensando na vida, sem conversar muito. O próximo assunto que surgiu foi sobre a louça. Minha mãe queria lavar, mas o Vinicius e eu não deixamos. Dissemos que ela podia ir relaxar! Tivemos que insistir um pouco pra ela aceitar e nos deixar lavar a louça.

Nessa vez, o Vinicius quis lavar e me pediu pra secar e guardar. Quando vi que a louça que estava na pia já estava acabando, eu peguei os pratos e copos da mesa e coloquei na pia.

Vinicius: Nossa! - Ele riu. - Achei que já tava acabando.

Lucas: Quer que eu lave?

Vinicius: Não! Só tava brincando!

Quando ele terminou de lavar, me ajudou com a secar e guardar o que faltava. Nós fizemos tudo rapidinho! Quando chegamos na sala e nos acomodamos, minha mãe olhou e perguntou: "Já?".

Respondemos juntos: Já.

Jaqueline: Nossa! Ok então... Eu vou pro meu quarto... Fiquem a vontade!

Vinicius: Boa noite, e obrigado!

Jaqueline: Por nada, querido. Boa noite.

Lucas: Boa noite, mãe.

Jaqueline: Boa noite, filho.

E então ela se foi. Eu peguei o controle e dei pro Vinicius.

Lucas: Escolhi aí... Você que manda!

E então ele foi trocando de canal e parou em um que estava passando "007 - Cassino Royale". Eu gostava desse filme, então ficamos assistindo. Por sorte ainda estava no começo. Quando deu um intervalo, eu peguntei: "Quer pipoca?".

Vinicius: Por que não?

Levantamos e estouramos pipoca. Colocamos em uma tigela só, peguei dois copos de coca cola e levei também. Sentamos no mesmo sofá pra podermos dividir a pipoca. Às vezes nossas mãos se tocavam quando íamos pegar pipoca, mas eu sempre afastava a minha rapidamente quando isso acontecia. Ele não pareceu se importar.

A pipoca acabou antes do filme.

Vinicius: Agora o filme tá interessante, não vou levantar não.

Lucas: Nem eu.

E ficamos ali. Eu não voltei pro meu sofá e ele se acomodou naquele sofá mesmo. Ficamos ali vendo o final do filme. E quando finalmente acabou, nós fomos pra cozinha, fizemos mais pipoca e voltamos procurar outro filme. Sentamos no mesmo sofá de novo. E assistimos um filme chamado "A Lenda do Tesouro Perdido", foi um filme muito legal, e nós pegamos desde o primeiro minuto! Nós dois gostamos muito, depois vimos "Os Vingadores", e depois vimos a hora, mais de duas da madrugada. O Vinicius passou por todos os canais e não tinha mais nenhum filme legal. Então nós desligamos a TV, revezamos o banheiro e fomos até meu quarto. Eu tinha pego um colchão do outro quarto e colocado no chão do meu quarto pra ele dormir lá.

Lucas: Quer dormir na cama? Eu durmo do colchão.

Vinicius: Não... Aí já é abusar. - ele deu uma risadinha.

Lucas: Não é não... Eu to oferecendo.

Vinicius: Não pre...

Lucas: Tarde demais. - falei me jogando no colchão. Estiquei os braços e peguei meus travesseiros, depois joguei os dele na cama. E olhei pra ele, em pé, me olhando com cara de quem queria dizer: "você não tem jeito mesmo!". Sorri pra ele e por fim ele apagou a luz e com a iluminação do celular ele chegou até a cama e deitou.

Vinicius: Lucas?

Lucas: Oi?

Vinicius: Obrigado... Eu cheguei a pensar que tava sozinho.

Lucas: Você nunca vai ficar sozinho. Eu não vou deixar. Sou seu amigo!

Vinicius: Boa noite.

Lucas: Boa noite, Vinicius.

Gente, como esse capítulo foi meio curto... Eu vou postar o próximo já amanhã, assim que eu terminar de escrever.

Comentários

Há 9 comentários.

Por Klaytton em 2014-04-15 02:36:08
Ai Deus, Vai acontecer alguma coisa entre eles???!!!!! Ansioso aqui!
Por david em 2014-03-06 22:13:40
Caro Lipe Writer,estou acompanhando esta história o qual estou adorando ler com maior prazer...e estou ansioso que você poste logo o capítulo 19 a segir, só que estar me deixando nervoso,pois quero logo saber o que estar acontecendo com todos e com o Brunão.abraços e ver se posta logo.OK! David
Por NewDoctor em 2014-03-06 03:11:33
Tô adorando :D Eu já cansei um pouco dessa essa l história com o Bruno. Não quero que ele morra, mas também não quero o Lucas com ele...
Por david em 2014-03-05 18:42:39
Já!!! cara escreve logo...confesso que estou ansioso d+,só espero que o amor do Lucas não termine pelo Bruno e que você não mate o mesmo para dá ênfase á terceiros. tô esperando os próximos capítulos. Abraços,David,BSB/DF
Por Victor *) em 2014-03-05 16:22:34
Ótimo ñ para *-*
Por Cyruz em 2014-03-05 06:47:12
Amei, só falta o Lucas contar a sua situação
Por LipEmanuel em 2014-03-05 00:04:39
*3* Eu amo essa historia, espero que não acabe nunca :3
Por jv em 2014-03-04 23:28:15
Ownnn q kawaii
Por _hunter em 2014-03-04 23:04:45
:)