Mais que uma lembrança [parte 21]
Parte da série Mais que uma lembrança
Ei, pessoal.
Desculpem a demora... É que eu ando muito enrolado com faculdade e trabalho, e como devem imaginar, não posso acessar o site de nenhum desses dois lugares pra postar, então... Não preciso terminar de explicar, né?! Mas peço desculpas, mesmo! =/
Quando entrei em casa, procurei minha mãe, ela não estava na sala e nem na cozinha, encontrei-a no quarto.
Jaqueline: A Elisa não ligou hoje... Você já confirmou que ia ontem?
Lucas: Não!
Jaqueline: Talvez ela não possa hoje, filho. Se ela não aparecer, é melhor não ficar correndo atrás...
Lucas: Eu sei, mãe.
Eu tomei um banho e vesti uma calça moletom mesmo, calcei um tênis e uma camisa com manga longa que eu puxei até os cotovelos. Fiquei sentado na cozinha comendo torrada com requeijão, minha mãe já tinha lavado a louça que eu não pude lavar.
Lucas: Mãe, o Vinicius quer que eu vá ver filme com ele hoje!
Vinicius: Você quer ir?
Lucas: Quero.
Vinicius: Então vai!
Dei risada com o jeito como ela disse "então vai", foi como se fosse a coisa mais idiota do mundo. Minha mãe sempre foi bem liberal sobre essas coisas. Desde que eu não fizesse nenhuma besteira.
O tempo foi passando e a Elisa não deu as caras e nem telefonou. Pra não entrar em "conflito" com minha mãe, eu segui as instruções dela e não procurei mais a Elisa, pra não atrapalhar.
Esperei um tempo ali, na esperança de que ela só estivesse atrasada. Fiquei em casa até o último minuto do horário permitido para visitas. Mas ela não apareceu. Fiquei um pouco preocupado, além de triste, será que tinha acontecido alguma coisa com o Bruno?
Quando finalmente perdi a esperança de que ela ao menos ligaria, eu me levantei, peguei minhas coisas, me despedi da minha mãe e fui andando até o apartamento do Vinicius. Cheguei na portaria e o Afonso me reconheceu imediatamente!
Afonso: Sr. Lucas! Em que posso ajudar?
Lucas: Vim ver o Vinicius, Afonso. Posso subir?
Afonso: Claro! O Vinicius deu permissão pra você entrar quando quiser! - ele disse fazendo cara de "nossa".
Eu dei risada, ele destrancou o portão e eu entrei. Me olhei no espelho do elevador. Ajeitei meu cabelo e tudo mais, quando a porta se abriu, eu andei até a porta do Vinicius e bati. Mas nenhuma resposta! Achei que ia incomodar os vizinhos se eu ficasse batendo muito. Então só abri a porta, estava destrancada, e chamei pelo Vinicius. Ouvi uma voz baixa, vinha lá do fim do apartamento: "Entra Lucas... Eu to tomando banho".
Entrei, fechei a porta e me sentei na sala. Fiquei ali, mexendo no celular, ate que ouvi a porta do banheiro abrindo, ouvi passos no corredor e a porta d quarto se fechando. Pouco tempo depois ouvi a porta do quarto se abrindo de novo! E o Vinicius apareceu na sala em instantes. Estava com uma calça moletom também, camisa com manga comum e tênis. O seu perfume era suave, do jeito que eu gostava. Seu cabelo ainda estava meio molhado.
Vinicius: E aí?
Lucas: E ai...
Vinicius: Tá tudo bem?
Lucas: Tá sim...
Vinicius: Você pareceu tão sério...
Lucas: É que a Elisa não apareceu hoje... fiquei um pouco preocupado!
Vinicius: Relaxa... Notícias ruins chegam rápido!
Lucas: É, você tem razão...
Vinícius: O Afonso te reconheceu?
Lucas: Sim... Na hora.
Vinícius: Ele é bacana, diferente do guarda noturno... Ele é muito chato.
Lucas: O que ele faz pra ser tão chato?
Vinícius: Ele não conversa... Fala só o essencial, tá sempre de cara feia!
Lucas: Entendi.
Vinicius: Tá frio lá fora?
Lucas: Bastante!
Vinícius: Melhor a gente nem sair então!
Lucas: É...
Ele se levantou e me levou até a cozinha, ele bebeu um copo d'água e eu fiquei só como companhia mesmo.
Poucos segundos depois a porta do apartamento se abriu de repente, achei que a porta ia bater na parede, mas a mão na maçaneta a segurou. Um homem de cabelo preto, porém pouco cabelo, entrou com cara amarrada! Eu imaginei quem era aquele, apesar de nunca ter visto ele antes. O Vinicius entrou na minha frente sem dizer nada, o homem olhou pro lado e nos viu dentro da cozinha. E então ele deu alguns passos em nossa direção, carregava uma mala na mão direita. Sem dizer nada, ele colocou a mala em cima da mesa da cozinha. E disse: Já arrumou um companheiro?
Ficamos quietos por alguns segundos... E então o Vinicius disse: O que você quer?
O homem respondeu: Vim trazer o resto das roupas que você largou na minha casa.
Vinicius: Só isso?
O homem me olhou com cara feia. Eu fiquei sério encarando-o.
O homem: Não vai falar nada? - ele disse um pouco mais alto.
Vinicius: Ninguém tem mais nada pra dizer... Acabou! Eu já saí da sua casa e você já pode fingir que eu morri!
O homem: Esse é o seu homem agora? Se enfiou pra morar aqui também? Quem tá sustentando a casa?
Ninguém respondeu, eu comecei a ficar nervoso... Com nervoso eu quero dizer bravo! O Vinicius nem se mexia, ele estava com medo do que podia acontecer ali?
Segurei o Vinicius pelo braço e me coloquei na frente dele.
Lucas: Você já entregou a roupa dele... Já pode ir agora!
O homem: Desculpa se eu atrapalhei alguma filmagem de vocês... Mas eu to falando com meu filho!
Lucas: Mas você disse que seu filho tinha morrido...
Ele ficou sério, ele até ia responder, mas um outro homem entrou, usava chinelo, bermuda e camisa regata.
O homem disse: Tudo bem aqui?
Havia ainda um jovem atrás dele que eu não conheci.
Vinicius: Tudo sim, Anderson! Meu pai já tá de saída.
O tal Anderson olhou encarou o pai do Vinicius.
Eles se viraram, o pai do Vinícius estava com uma cara horrível. E foram embora! O Anderson foi junto, talvez para se certificar de que tudo ficaria bem! Depois, aquele garoto que estava atrás do Anderson colocou a cabeça pra dentro e disse: Tá tudo bem? Meu pai e eu subimos junto com ele no elevador, parecia nervoso e quando chegou aqui falando alto daquele jeito, achamos melhor interferir.
Lucas: Tá tudo bem, obrigado!
Ele deu um sorriso e fechou a porta. O Vinicius se jogou em uma cadeira, respirando fundo.
Lucas: Você sabia que ele vinha?
Vinícius: Claro que não! Se eu soubesse teria pedido pra eles não deixarem meu pai subir!
Ele estava nervoso. Eu cheguei perto dele, coloquei a mão no seu ombro.
Lucas: Fica calmo...
Vinicius: Que raiva... por que ele tinha que vir aqui? Só pra criticar e arrumar confusão?
Lucas: Agora isso não importa! Se acalma... Quer coca cola?
Ele recusou. Continuou sentado olhando pra baixo! Respirou fundo, ele não estava chorando nem coisa do tipo... Ele estava nervoso! Um pouco bravo... Eu queria fazer algo pra ajudar... Mas não conseguia pensar em nada!
Vinícius: Porque você não disse pra ele que não é meu namorado? Você ia acabar se metendo em encrenca!
Lucas: Ele não acreditaria mesmo que eu jurasse de joelhos! E você mesmo disse que ele precisa aceitar os fatos...
Vinicius: Você ser meu namorado não é um fato! - ele disse meio alto.
Fiquei em silêncio, ele me olhou nos olhos, esperando que eu dissesse algo.
Vinicius: Afinal... você é hétero...
Lucas: O único fato aqui é que eu quero te ajudar... Eu posso até não ter jeito com palavras, só que eu sei que com a personalidade dele, ele nunca ia acreditar que eu não sou seu namorado, e isso ia gerar mais discussões!
Vinicius: Obrigado, Lucas... Não só por isso, mas por ter se colocado entre ele e mim naquela hora!
Lucas: Não tem que agradecer... Você tava muito nervoso.
Ele se levantou e me abraçou pela primeira vez na vida! Tudo o que senti foi seu perfume, seus braços e o calor do seu corpo. Retribui o abraço e ficamos ali até ele resolver me soltar.
Vinicius: Desculpa...
Lucas: Não tem problema... Quer mais um?
Ele riu, mas não nos abraçamos de novo.
Quando ele ficou mais calmo, concordamos em pegar a mala que o pai dele tinha deixado e guardar tudo. Eu carreguei a mala até o quarto e coloquei em cima da cama. Parecia ter pouca coisa. Olhei em volta e o quarto dele ainda estava naquela bagunça, haviam algumas camisas no encosto de uma cadeira, calça dobrada em cima da mesa, e cuecas!
Lucas: Seria bom organizar esse quarto antes né?
Ele deu uma risadinha.
Vinicius: A ideia era ver filme...
Lucas: Você tá a fim de ver filme?
Vinícius: Não muito... Depois da visita..
Lucas: Então...
Vinícius: Só você mesmo pra vir aqui e dizer: "olha, porque não limpamos o seu quarto?".
Lucas: Você me acha estranho?
Vinicius: Não... Só diferente da maioria das pessoas.
Lucas: Diferente de um jeito bom?
Vinicius: Sim!
Lucas: Que bom!
Foi quando ele se virou, pegou todas as camisas na cadeira, dobrou a que estava mais em cima, e o resto ele levou pra lavanderia!
Eu juntei as calças e me distraí, peguei uma cueca que estava ao pé da cadeira pelo "cós" e juntei com uma outra em cima da cama. Do nada eu me dei conta de que estava imaginando o Vinicius usando aquela cueca que eu tinha pego! Era uma cueca vermelha da 'torp', não era de algodão, mas sim de microfibra, parecia sunga. Devia ser uma cueca que ficava bem justa ao corpo dele.
Quando ele voltou ao quarto, ficou meio sem jeito, eu dei risada, e ele pegou as cuecas e levou pra lavanderia.
Voltou mais rápido dessa vez, pegou a calça que já estava dobrada e guardou.
Lucas: Você precisa ser mais organizado, moço...
Vinicius: Eu sei...
Depois nós guardamos a roupa que estava na mala, não tinha nenhuma cueca lá... Só algumas camisas, bermudas e calças!
Depois que arrumamos tudo, eu me sentei na cama, ele colocou a mala em cima da mesa e se sentou na cama também.
Vinicius: Hora de comer?
Lucas: Você que manda...
Vinícius: Ui... - ele disse rindo.
Nos sentamos na mesa da cozinha. Ele disse que não ia mesmo cozinhar. Ele pegou um panfleto que me fez viajar, era do lugar de onde o Bruno e a Elisa adoravam o lanche!
Insisti em pagar, já que ele já tinha pago o almoço, mas ele recusou. Então ele aceitou pagarmos meio a meio, depois de eu insistir um pouco!
Vinicius: Acho que ainda é o Afonso lá embaixo. Ele dá um toque quando chega.
Lucas: Ele não fica só de dia?
Vinicius: Não... ele pega uma parte da noite também... Nem eu entendo o horário deles.
Vinicius: Vamos ver filme enquanto isso?
Lucas: Demorou...
Olhei pela porta de vidro da sala, já estava escuro, e a cidade estava toda iluminada! Dava pra ver os faróis dos carros longe. Era uma vista muito bacana. E quando o Vinicius apagou a luz, eu achei até um ambiente legal pra namorar, kkkk.
Sentamos no sofá, o Vinicius colocou "x-man origens", não era um filme tão novo, mas era legal... E eu mal tinha visto uma vez.
Com um certo tempo de filme, o telefone tocou e o Vinicius foi atender. Na verdade era da portaria.
Vinícius: Lucas, eu vou descer pegar os lanches...
Lucas: Tá...
Ele voltou alguns minutos depois, eu fui até a cozinha e nós comemos lá. Eu pedi o lanche que o Bruno sempre pedia! Era muito bom.
Lembro que eu tomei bastante coca, porque sempre que meu copo ficava vazio, o Vinicius enchia sem perguntar se eu queria mais.
Lucas: Quer me matar?
Vinicius: Acabar com seus ossos...
Lucas: Ou você misturou vodca e tá tentando me deixar bêbado?
Ele riu...
Vinicius: Não faz o meu estilo...
Lucas: Hum...
Pensei em perguntar qual era o estilo dele... Mas achei melhor não, seria uma pergunta muito idiota.
Quando acabamos de comer, ou melhor, quando voltamos pra sala, o filme já estava quase no fim. Então o Vinicius colocou outro, "poseidon - o navio". Era um filme legal, chamou a atenção, então ele deixou aquele mesmo. Depois ainda vimos "pra sempre" e "o todo poderoso", que o Vinicius adora. Esse último acabou por volta da uma e meia da madrugada. Concordamos em ir dormir!
Eu dormi naquela cama do quarto onde ele trabalhava. Ele já tinha tirado os papéis e pastas de cima da cama! Estavam todos empilhados na mesa.
O Vinícius saiu do quarto e voltou logo depois com um cobertor.
Vinicius: Se esfriar muito e você quiser outro, pode ir pegar no meu quarto.
Lucas: Beleza...
Ele colocou o cobertor em cima da cama. Então ficamos de frente um para o outro... Ele sorriu, e sussurrou: "boa noite, Lucas".
Só então ele se aproximou e me deu um selinho. Um pouco longo. Meu corpo estremeceu, mas apesar de não ter incentivado, eu também não fiz nada pra evitar.
Vinicius: Desculpa. - ele disse quando se afastou. Parecia preocupado.
Lucas: Tudo bem...
Vinícius: Então boa noite...
Lucas: Boa noite.
Fiquei desnorteado depois do beijo, eu sentia sim um carinho e afeto pelo Vinicius, mas não sabia se chegava a ser amor, até ele me beijar eu só o via como um grande amigo! Deitei na cama, me cobri com o cobertor que o Vinicius me levou, e fiquei pensando em muita coisa ao mesmo tempo... Tanta coisa, que demorei muito pra dormir!
Bom, eu não consegui revisar esse capítulo antes de publicar, então se tiver coisas repetidas ou nomes trocados, é falta de atenção da minha parte.
Espero que estejam gostando! Fiz um amigo nesse site que me disse que esses romances, não só os meus, podem servir de exemplo e motivação pra outros que leem! Não sei se ele está certo, porque, apesar de querer, eu não consigo acompanhar outras histórias que publicam aqui. Mas eu espero que ele esteja certo. Porque adoro escrever aqui. =)