Mais que uma lembrança [parte 23]
Parte da série Mais que uma lembrança
Bom, pessoal. Eu to postando esse capítulo pelo celular, então me desculpem se tiver erros na escrita. Pro pessoal aue tá achando as coisas muito Paradas, só quero dizer que as coisas vão começar a agitar agora. Eu só queriacontar sobre o Vinicius, que é muito importante pra mim. :)
No sábado seguinte ao conto anterior, eu acordei bem cedo, pouco antes das oito da manhã. Eu já esperava coisa assim, já que tinha dormido dez da noite.
Fiquei enrolando, mesmo embaixo do cobertor, eu estava com frio. Me encolhi com o cobertor em volta e fiquei ali um tempo. Relembrando dos últimos dias... Do meu tempo com o Vinicius, e das conversas com a Elisa! Eu sabia que era verdade tudo o que ela tinha me dito, mas ainda assim eu não acreditava que ela tinha aceito tão facilmente.
Só que no que eu mais pensei, foi no Vinicius. Será que ele estava bem? Me lembrei das fotos no computador dele e perguntei a mim mesmo se eu tinha visto aquelas fotos como fotos de um amigo... O Vinicius era tão atencioso, carinhoso e responsável... Mas eu ainda amava o Bruno, então como podia? O que eu tinha que fazer? Fechei os olhos ali deitado e disse a mim mesmo que era melhor passar um tempo longe do Vinicius, organizando os pensamentos... E quando eu tivesse certeza do que estava sentindo, eu pensaria melhor na situação.
Lucas: Acorda logo, Bruno... - sussurrei quando empurrei o cobertor pra baixo e me levantei, enjoado de ficar enrolado no cobertor e ainda sentir frio.
Fiz todo aquele ritual, fui ao banheiro, fiz o que tinha que fazer, ajeitei o cabelo e nesse momento em que eu parei em frente ao espelho do banheiro eu me lembrei daquele dia que vi o Davi por aquele espelho tirando a roupa pra entrar no box e tomar banho antes de ir pra escola. Foi só um pensamento, nada demais. Mas quando eu sai do banheiro e fui até a cozinha, meu celular vibrou... Eu quase xinguei em voz alta quando peguei e vi uma mensagem do Davi me dando bom dia. Respondi a mensagem dele, e depois mandei uma pro Gustavo: "pega o Davi pra vc logo". E logo ele respondeu: "bem que eu quero... mas ele me evita". Pensei um pouco, dei uma mordida no meu pão e respondi ao Gustavo: "deixa ele bebado e aproveita". E logo recebi a resposta: "tá aí uma boa ideia... mas e se ele não der conta bêbado?".
Dei risada quando li aquilo. Respondi: "é, nunca vi ele bêbado... pode ser que ele apague na cama e te deixe na mão...".
E por último, ele me respondeu: "melhor dormir antes de começarmos do que dormir no meio do negócio".
Dei risada de novo, mas não mandei mais nada pra ele.
Aquela semana tinha passado bem rápido. Fiquei mexendo no celular e demorei pra ver o bilhete da minha mãe em cima da mesa. Quando o vi, estiquei o pescoço e li: "fui ao mercado... volto logo".
Por um momento tinha esquecido que era sábado e que minha mãe não trabalharia naquele dia. Fiquei ali mesmo, me divertindo com um joguinho do celular. Mas parei quando recebi uma mensagem e fui ler... Mas era do Davi, e dizia: vamos fazer algo hoje? que tal irmos ao cinema?
Lucas: quem vai?
Davi: Você e eu, ué...
Fiquei um tempo pensando, eu sabia que não era uma boa ideia. O Davi não era tão comportado como o Vinicius.
Lucas: Que hora?
Davi: De noite... Não sei que hora tem filme...
Lucas: Não sei não, Davi...
Davi: Aah, por favor! Eu sei que você passou os últimos dias com o Vinicius... Porque não fica um pouco comigo também? Como amigo!
Ele fez com que eu me sentisse mal... Lembrei que eu tinha prometido a mim mesmo passar um tempo com o Davi. Respondi: "tudo bem... vê o horário e depois me avisa".
Pensei que provavelmente eu não poderia visitar o Bruno por causa do cinema. Mas de certa forma, eu não me sentia mais confortável naquele hospital. Eu tinha vontade de chorar sempre que entrava naquele quarto. Era agonizante ver o Bruno desacordado, e não saber quando eu ia ver a cor dos seus olhos de novo, nem quando ia ouvir a sua voz.
Minha mãe chegou logo. Eu fui ajudar a descarregar as sacolas e acabei tendo que descarregar tudo sozinho, porque ela chegou falando com minha tia ao celular e foi pra dentro, fazendo sinal pra eu descarregar as coisas.
Levei tudo e deixei em cima da mesa, deixei ela guardar as coisas quando desligou o celular. Avisei que eu ia sair com o Davi de noite, e ela ficou feliz ao saber daquilo. Aparentemente a mãe do Davi (muito amiga da minha mãe) tinha dito pra minha mãe que estava achando estranho a falta de comunicação entre o Davi e eu, já que nós éramos tão próximos antes deles viajarem.
Quase falei pra minha mãe dizer àquela mulher pra ir cuidar da loja do marido e largar o Davi e eu em paz. Mas deixei pra outra hora.
O dia passou e eu não sabia mais o que fazer, o tédido tava em nível crítico! O Vinicius não me procurou e eu achei melhor não ir atrás dele. O Gustavo também não deu as caras. O Igor tinha viajado no dia anterior. Fiquei vendo TV com minha mãe por um tempo. Mais tarde fui pra academia, não encontrei o Vinicius lá. Nem ninguém conhecido.
Voltei pra casa e vi uma mensagem do Davi me perguntando se ele podia passar da minha casa sete da noite. Respondi dizendo que sim! E ele não mandou mais nada!
Eu fui tomar um banho por volta das seis e dez. Enrolei um pouco pra sair. Passei meu perfume, vesti uma camisa polo verde com uns detalhes brancos e vermelhos, e calça jeans escura. Passei minha corrente por dentro da camisa, ajeitei o cabelo e fui até a sala. Me sentei em um sofá e fiquei esperando o Davi aparecer.
Por volta das sete e dez, um carro buzinou lá fora. Eu me despedi da minha mãe, dei um beijo em seu rosto e saí! Entrei no carro e cumprimentei o pai do Davi no banco do motorista. Depois cumprimentei o Davi e fiquei em silêncio até o pai dele dos deixar no shopping.
Nós entramos e no começo pensei que a noite ia ser bem chata. O Davi parecia estar sério... Mas logo ele mostrou que não estava. Começou a fazer piadas sobre as coisas, e tudo o mais.
Davi: Que filme vai querer ver?
Lucas: Você não escolheu?
Davi: Não... Deixei pra você escolher o que quiser.
Lucas: Vamos lá ver o que tá em cartaz...
Davi: Tá...
Demorei um pouco pra escolher. Acabei pedindo a opinião dele e decidimos o filme, que começaria as 21 horas.
Davi: Você quer comer antes ou depois do filme?
Lucas: Melhor antes... o filme vai acabar tarde...
Davi: Você adorava Mc Donalds... Ainda gosta?
Lucas: Claro... Hehe.
Davi: Demorou...
Andamos mais um pouco, eu encontrei uns primos e parei pra conversar um pouco. Quando continuei andando, o Davi me cutucou.
Davi: Quem são?
Lucas: Meus primos.
Davi: Mesmo?
Lucas: Tá com ciúmes?
Davi: Não. - ele demorou pra dizer que não. Então só dei risada e não falei mais sobre aquilo.
Enfim paramos pra comer.
Davi: Pode ir guardar uma mesa, eu sei do que você gosta.
Lucas: Não, eu tenho que pagar...
Davi: Sai dessa... Eu pago.
Lucas: Não, bonitão... Não quero abusar de você.
Davi: Não é abuso... Eu quero pagar... Então senta na mesa e me espera, tá?
Lucas: Tá bom. - falei com cara feia, fazendo o Davi rir.
Sentei em uma mesa pra duas pessoas bem próxima e fiquei observando ele fazer o pedido. Me espantei por ele se lembrar até mesmo do que eu gostava de comer. Depois quando ele se afastou pra esperar, me olhou, piscou um olho e sorriu. Eu ri e olhei pra baixo. Não adiantou nada eu ir sentar, porque tive que ir ajudar o Davi a carregar as duas bandejas. Mas ninguém tomou a mesa nesse tempo, e sentamos nela mesma.
Davi: E aí, tá gostando?
Lucas: Nem comi ainda.
Davi: Não falei do lanche...
Lucas: Aah, desculpa... Eu... - e travei.
Davi: Tá gostando de passar um tempo comigo? Ou tá arrependido de ter vindo?
Lucas: Não... Você é divertido.
Davi: Que mais?
Lucas: Educado...
Davi: Que mais?
Lucas: Atencioso. - comecei a falar com voz de enjoado.
Davi: Eee?
Lucas: Muito feio.
Ele riu.
Davi: Sei que tá mentindo.
Lucas: Você é convencido demais.
Olhei pro lado e vi que o casal da mesa ao lado estava nos olhando. Acho que fiquei vermelho porque senti meu rosto queimando. Não demos continuidade naquele assunto. E começamos a falar do Bruno.
Davi: Como o Bruno tá?
Lucas: Inconciente ainda... Mas a Elisa descobriu tudo!
Davi: Como?
Contei a ele em detalhes os momentos que passei com ela desde o acidente. Falei das conversas que tivemos e até mesmo daquelas perguntas escritas num papel no quarto do Bruno.
Davi: Poxa... Que bom que ela aceitou.
Lucas: É, também acho.
Davi: E o Vinicius?
Lucas: O que tem ele?
Davi: Ficou sabendo de algo?
Lucas: Não. - menti.
Davi: Você viu os vídeos?
Lucas: Vi... Dá pra mudar de assunto? - tentei falar da maneira menos grossa possível.
Davi: Tudo bem... Desculpa.
É que como você tem passado bastante tempo com ele... Achei que ia saber de algo.
Lucas: Não sei de muita coisa...
Davi: Hum... - ele disse de um jeito meio estranho. Eu sabia que ele sabia que eu estava mentindo, rs.
Terminei de comer primeiro que ele. E quando terminei, acabei com o resto da minha coca com alguns chupões no canudinho. Fiz um baita barulho no final, e o casal da mesa ao lado nos olhou de novo, o Davi começou a rir e eu devo ter ficado vermelho mais uma vez.
Depois que a vergonha passou, e o casal da mesa ao lado se levantou e foi embora, eu já não sabia o que dizer.
Davi: Não devíamos ter comido agora.
Lucas: Por que?
Davi: Não vai sobrar lugar pra pipoca...
Lucas: Aah, a gente dá um jeito...
Ele sorriu e ficou me olhando. Desviei o olhar por alguns segundos, olhei pro centro da praça de alimentação e vi o Gustavo em uma mesa com alguns garotos. Ele me encarou sem sorrir nem nada. Desviei o olhar antes que o Davi o visse lá também, não sei porque me preocupei com isso... Mas achei que seria a melhor coisa a fazer!
Davi: Eu vou comprar os bilhetes, você pega pipoca?
Lucas: Pode ser.
Nos levantamos e fomos saindo, o Davi ficava o mais perto possível de mim em alguns momentos, e às vezes isso irritava! Mas eu não reclamaria a não ser que ele me tocasse onde não devia, haha.
Nos separamos, eu fui comprar pipoca e ele foi comprar os bilhetes. Acho que deixamos pra fazer isso tarde demais, o Davi não pegou fila, mas eu sim. Quando ele voltou com os bilhetes, eu ainda nem tinha sido atendido. Depois de um pouco de espera, pedi um saco de pipoca grande e dois refrigerantes. Peguei meu bilhete com o Davi, dei um refrigerante pra ele e carreguei a pipoca e meu refrigerante. Ele quis pagar também, mas dei uma de cavalo e não deixei.
Entramos na fila da sessão e em poucos segundos entramos na sala. O Davi quis sentar em uma das últimas fileiras, eu não protestei, e sentamos onde ele quis.
O filme era tranquilo. Nós não conversamos durante o filme, ele só fazia um comentário ou outro de vez em quando. Eu concordava e voltávamos ao silêncio total. Poucas vezes nossas mãos se tocaram quando íamos pegar pipoca, embora eu ache que todas tenham sido de propósito pelo Davi. Mas eu sempre tirava a mão, deixava ele pegar e depois pegava. Não reclamei disso pra ele. Achei que ele reclamaria de que eu estava invocado demais.
A pipoca acabou na metade do filme, e eu tive que acabar com o refrigerante logo porque estava ficando quente. O que me deixou sem nada pra comer ou beber. Olhei pro Davi, ele estava concentrado no filme, nem me percebeu olhando-o. Voltei minha atenção ao filme, mas não me foquei muito. Vez ou outra eu olhava pro Davi ou olhava as pessoas em volta.
Quando o filme acabou, saí da sala com o Davi perto demais e fomos reto ao banheiro. Eram dez e meia, o filme tinha sido meio longo. A maioria das lojas do shopping já tinham fechado.
Davi: Pode me esperar em uma mesa da praça de alimentação? Eu preciso voltar ao banheiro.
Lucas: Tudo bem...
E então ele se afastou, eu me sentei em uma mesa e olhei em volta. Não vi o Gustavo em lugar nenhum... E quando olhei para o outro lado, vi o Davi se aproximando com algo nas duas mãos. Olhei bem e só consegui ver o que era quando ele chegou um pouco mais perto. Eu dei risada e falei: você não existe...
Davi: Existo sim... Quer pegar pra comprovar? - ele disse rindo.
Lucas: Bobo...
Davi: Você adorava isso, né?
Fiz que sim com a cabeça. E ele me deu um sunday com calda quente de uma sorveteria que tinha naquele shopping.
Lucas: É... Provou que me conhece bem, bonitão...
Ele riu. Também tinha um sunday pra ele.
Lucas: Mas não precisava de tudo isso.
Davi: Xiu... Precisava sim... Eu queria passar um tempo contigo... Porque depois que o Bruno acordar, você só vai ter tempo pra ele mesmo...
Lucas: Ele é meu namorado, Davi...
Davi: Eu sei... Mas não é seu proprietário... Você precisa ter um tempo com os amigos de vez em quando...
Lucas: Amigos que pensam em mim como namorado?
Davi: Me pegou... - ele riu.
Fiquei em silêncio.
Davi: Posso perguntar uma última coisa hoje?
Lucas: Claro...
Davi: Se você não amasse o Bruno... Acha que me daria uma chance?
Olhei bem pra cara dele, estava sério...
Lucas: Quem sabe?
Davi: Você sabe! Me responde por favor!
Lucas: Posso perguntar outra coisa antes de responder isso?
Davi: Claro..
Lucas: Se eu não amasse o Bruno... Você seria desse mesmo jeito comigo?
Davi: Desse jeito como?
Lucas: Não me faça falar...
Davi: Eu faço...
Respirei fundo...
Davi: Já esqueceu que eu sempre fui assim com você? As coisas se complicaram um pouco depois que eu voltei... Mas eu sempre fui assim.
Pior que ele tinha razão.
Lucas: É... Não sei onde to com a cabeça... Desculpa.
Davi: Desculpo se você responder minha pergunta!
Lucas: Hum... Acho que você teria sua chance... Você é um cara legal.
Nesse momento eu tirei meu celular do bolso e vi algumas chamadas perdidas da Elisa. Pelo horário que ela ligou, eu ainda estava dentro no cinema. Pedi um minuto ao Davi e tentei ligar pra ela, mas ninguém me atendeu. Fiquei preocupado. E então o Davi ligou para o pai dele, que foi nos buscar e me deixou em casa. Me despedi dos dois e entrei meio apressado.
Achei minha mãe na sala vendo tv, por algum milagre ainda estava acordada!
Lucas: Falou com a Elisa?
Jaqueline: Não... Algum problema?
Lucas: Ela me ligou várias vezes quando eu tava vendo filme... Só vi quando saí... Tentei ligar de volta e ninguém me atendeu! Será que aconteceu alguma coisa? - falei rápido.
Jaqueline: Calma filho... Se tivesse acontecido algo ruim ela teria tentado falar comigo depois de não conseguir falar com você.
Lucas: Será?
Jaqueline: Fica tranquilo... Amanhã você tenta falar com ela de novo! Agora tá tarde.
Lucas: Tá... vou pro meu quarto... boa noite mãe.
Jaqueline: Boa noite... Durma bem!
Lucas: Você também!
Fui ao meu quarto, tirei aquela roupa e deitei na cama, me enrolei no cobertor, mas não dormi logo. Fiquei pensando, alguma coisa devia ter acontecido! Se não a Elisa não teria me ligado tantas vezes seguidas! Um sentimento bom me tomou, e se o Bruno tivesse acordado? Mas depois eu me desanimei e pensei que ele também poderia não ter acordado... Talez morrido. Procurei afastar esses pensamentos ruins, peguei meu fone de ouvido e fiquei ouvindo música até pegar no sono e dormir.