Mais que uma lembrança [parte 25]
Parte da série Mais que uma lembrança
Bom, pessoal, o capítulo ficou um pouco curto e meio tranquilo. Mas esse fim de semana eu fiquei meio tranquilo em casa e já deixei escrito até o capítulo 30, hehehe. Agora é mais rápido pra entrar e postar. Então, amanhã ou terça eu posto o próximo capítulo no final da tarde. =)
Na segunda seguinte eu acordei onze da manhã. Fui dormir tarde no domingo porque fiquei pensando no Bruno. Tentando digerir tudo. Até acordei no meio da madrugada, perdi o sono e saí andando pela casa. Fui ao banheiro mesmo sem estar com vontade, fui até a cozinha e comi duas ou três bolachas sem ter fome, eu não estava com tanto frio naquele dia. Fiquei o tempo todo ouvindo música, não escolhi nenhuma, deixei tocar aleatório, e até achei que meu celular era mais inteligente do que eu pensava, porque ele tocou aleatoriamente as minhas músicas preferidas. Estava vestindo apenas uma calça de moletom meio fino e um chinelo. Não coloquei blusa nem nada. Me sentei na cozinha e fiquei ali alguns minutos. Olhando pro nada! Mas pensando em muita coisa!
Voltei ao meu quarto um tempo depois... Parei em frente ao espelho e fiquei me encarando... Acho que eu perdi um pouco a noção aquele dia. Porque fiquei meio doido. Por fim eu apaguei a luz e deitei novamente, mas ainda demorei um pouco pra dormir!
No dia seguinte, levantei logo que acordei! Fui ao banheiro, ainda sem vestir uma camisa, e depois até a cozinha. Não comi nada, já que estava quase na hora de almoçar, tomei só um copo de leite e depois lavei a louça que minha mãe tinha deixado da noite anterior. Ela chegou em casa quando eu estava quase no fim. Me cumprimentou e começou a se ajeitar com o almoço.
Jaqueline: Alguma notícia do Bruno?
Lucas: Não...
Jaqueline: Foi muito legal sua atitude ontem! Parabéns...
Lucas: Obrigado! - falei sorrindo.
Jaqueline: Agora que ele acordou, vai voltar pra casa logo...
Lucas: Não sei...
Jaqueline: Você vai vê-lo hoje de novo?
Lucas: Sim... E amanhã, e depois de amanhã...
Jaqueline: Que bom...
Houveram alguns segundos de silêncio.
Jaqueline: E o Vinícius? Ele sumiu de repente...
Lucas: Falei com ele ontem... Ele tá bem.
Jaqueline: Aconteceu algo?
Pensei até em contar que ele tinha me beijado... Mas isso me forçaria a explicar exatamente o porquê de eu ter me afastado... E não queria explicar que nos afastamos porque O Vinícius não quis estragar meu relacionamento com o Bruno.
Lucas: Não... Ele só tá ocupado com o serviço...
Jaqueline: Entendi...
Mais alguns segundos de silêncio.
Jaqueline: Você levantou durante a noite?
Lucas: Sim, por que?
Jaqueline: Porque a luz da cozinha estava acesa hoje de manhã.
Lucas: Nossa... Esqueci de apagar...
Jaqueline: Teve problemas pra dormir?
Lucas: Mais ou menos... Acordei no meio da madrugada, perdi o sono e demorei pra dormir de novo.
Jaqueline: Por causa do Bruno?
Fiquei em silêncio.
Jaqueline: Filho, pode me contar.
Lucas: Foi por causa dele, sim...
Jaqueline: Ele vai melhorar...
Lucas: Ele não vai se lembrar de nada...
Jaqueline: Não seja tão pessimista.
Lucas: Não é pessimismo...
Jaqueline: Que seja... Você não pode ter certeza.
Lucas: Ai mãe... Muda de assunto...
Foi quando ela começou a falar na possibilidade da minha tia fazer uma visita no próximo fim de semana (lembra que em um dos primeiros capítulos eu estava com o Bruno quando soube que essa minha tia estava em casa, e então deixei o Bruno e fui pra casa? Não por causa da minha tia, mas sim pela minha prima, com quem eu converso sobre tudo, é a mesma tia que minha mãe está falando agora).
Fiquei contente em saber daquilo... Eu poderia conversar com minha prima um pouco. Quem sabe ela poderia me mostrar o melhor caminho naquela situação. Mas ainda demoraria pra ela vir, e não era certeza que viria!
Quando minha mãe estava saindo para voltar ao trabalho, eu perguntei: Você vai me levar hoje de novo ou eu peço pra Elisa passar daqui me pegar?
Jaqueline: Eu te levo!
Lucas: Tá bom, então.
Ainda lavei a louça do almoço, arrumei a cozinha, a sala e meu quarto. Não sei o que me deu, porque nunca gostei de organizar a casa. Mas quando terminei de organizar meu quarto, eu me sentei na mesa do computador. Fiquei sem saber o que fazer... Olhei no relógio e vi uma coisa que eu tinha que fazer! Academia!
Troquei de roupa e fui... Encontrei o Felipe lá. Que eu não via há muito tempo! Nós conversamos bastante, mas nada demais... Não vale a pena colocar aqui! Quando voltei pra casa, me apressei pra tomar um banho e ficar pronto para ir ao hospital. Me lembrei do Davi, e achei que não ia matar mandar uma mensagem pra ele. Enviei "oi, tudo bem?". Mas ele não respondeu na hora.
Saímos para ir ao hospital e o Davi ainda não tinha respondido. Quem me mandou uma mensagem bem nessa hora foi o Gustavo, dizendo "preciso falar com você". Eu já até tinha uma ideia do que era, respondi: "tudo bem... pode vir em casa amanhã durante o dia". E então ele não respondeu mais, o que me deixou um pouco irritado, porque eu não tive como saber se ele tinha visto, ou até mesmo se tinha recebido minha mensagem.
No hospital as coisas estavam na mesma, exceto pelo Bruno, que estava um pouco mais animado. Quando entrei no quarto, só a Elisa estava lá! Além do Bruno, que estava sentado na cama, ele me olhou e sorriu.
Lucas: Oi... Tudo bem?
A Elisa fez que sim com a cabeça. Mas o Bruno não deu chance para ela falar algo.
Bruno: Tudo, e com você?
Lucas: Bem... Lembra de mim?
Bruno: Claro. - ele respondeu sorrindo.
Lucas: Que bom.
Bruno: O médico disse que logo eu vou sair daqui.
Lucas: Mas já?
Elisa: Ele disse que o Bruno acordou muito bem... Só teve a perda de memória! E que ele acha bom pro Bruno ir pra casa.
Lucas: Ele disse quantos dias?
Elisa: Não... Só disse que vai ser "logo".
Lucas: Olha só, que bom né?
Bruno: Nem me fale... Não vejo a hora de sair daqui...
Lucas: É muito ruim?
Bruno: To de saco cheio... Não tenho nada pra fazer o dia todo. Tenho que ficar vendo TV... A comida não tem gosto de nada e as enfermeiras são mau educadas...
Lucas: Até a Josi?
Bruno: Não... Ela é educada até demais...
Dei risada, você deve se lembrar que a Josi é aquela enfermeira atirada né?
Lucas: Você não gosta dela?
Bruno: Não muito... Ela é legal, só que parece que tá dando em cima da gente o tempo todo...
Lucas: Entendi. - falei meio enciumado. Mas sem demonstrar, claro.
Bruno: Veio fazer o que por aqui?
Lucas: Ver você, ué...
Bruno: Só isso? Eu não valho tanto.
Lucas: Claro que vale...
Ele sorriu.
Bruno: Minha mãe contou que você dormiu em casa algumas vezes, quando eu sair daqui quero comer um daqueles lanches que eu comia, lembra?
Lucas: Lembro... Você adorava.
Bruno: To sabendo...
Lucas: O que mais você quer fazer quando sair daqui?
Bruno: Sei lá... Eu me sinto como se tivesse ficado em coma por sete anos ou mais... Quero fazer um monte de coisa.
Lucas: Legal.
Eu estava com ciumes, porque fiquei pensando que talvez, nesse monte de coisa que ele disse, estivesse incluso "arrumar um namorado(a)". Por mais que eu odiasse pensar nisso, podia acontecer.
Bruno: Me conta alguma coisa?
Lucas: Como assim?
Bruno: Coisas que aconteceram... Ou coisas que fizemos juntos... Qualquer coisa.
Pensei um pouco... E comecei a contar coisas que aconteceram antes de começarmos a namorar. Eu não podia contar sobre o namoro pra ele, pelo menos ainda não! Ele ouvia tudo atentamente, sem interromper, hora ou outra ele sorria ou dava uma risadinha. Em momento algum eu mencionei sobre namoro, amor, e nem sobre as meninas que ficavam nos olhando durante a aula. Evitei qualquer assunto relacionado à isso. Não menti nas histórias, contei tudo exatamente como aconteceu, já que sempre tive uma boa memória pra essas coisas. Mas eu não tinha muito o que contar, afinal, eu não estava resumindo um livro de aventura.
Quando fiquei sem o que contar, ele começou a me contar coisas que se lembrava da infância. O que foi legal, já que nós nunca conversamos sobre isso. Ele me contou de uma vez que foi pescar com o pai, apesar de não gostar de pescar, e em um momento de descuido do pai, um peixe puxou tão forte que derrubou o Bruno dentro da água. Por sorte ele teve um bom reflexo e soltou a vara logo, assim ele ficou no raso.
Bruno: E também, quando eu tinha uns sete anos... Eu já tomava banho sozinho, claro! E quando terminei e fui sair do box, eu escorreguei e bati a cabeça no trilho do box!
Lucas: Nossa! Eu não sabia disso!
Bruno: Pois é... Eu tenho até cicatriz na nuca! Tomei seis pontos.
Ele ate me mostrou, e tinha mesmo uma cicatriz horizontal em sua nuca.
Lucas: Você nunca me contou sobre isso...
Bruno: Vai ver eu tinha coisa melhor pra falar.
Fiquei em silêncio. Dei uma risadinha... Acho que não consegui disfarçar muito bem. Depois minha mãe se intrometeu na conversa e contou a maldita história de quando eu "descobri o que eu tinha no meio das pernas". A mesma história que ela contou ao Vinícius alguns capítulos atrás, e que eu odiava.
Quando o horário de visitas chegou ao fim, e minha mãe me chamou, o Bruno disse: Você tem boa memória, né?
Lucas: Tenho... - afirmei - Quando eu era criança, decorava as falas dos filmes, e quando assistia pela segunda vez eu ficava falando antes dos personagens. Não eram os filmes inteiros, mas boa parte deles.
Bruno: Nossa... Eu queria lembrar das coisas.
Lucas: Fica tranquilo... Agora eu tenho que ir! Até amanhã, Bruno.
Bruno: Até amanhã. Obrigado por vir, Lucas.
Sorri pra ele, me despedi da Elisa e depois saí do quarto, minha mãe se despediu também e veio logo atrás de mim! Enxuguei os olhos pra que ela não me visse a beira do choro. Acho que eu nunca conseguiria ficar sem chorar pelo Bruno, fosse por felicidade ou tristeza...
Gente, eu sei que ficou meio fraco o capítulo de hoje. Tem hora que eu falho com vocês, né? =P
Mas, como eu já disse no começo do capítulo, vou postar logo! Já deixei vários capítulos escritos. ;)