O garoto da casa ao lado (parte 7)
Parte da série Meu amor se mudou pra casa ao lado
Bom, pessoal, to na reta final do meu conto. Não tenho muita coisa diferente pra contar. Enfim, depois decido isso...
Antes que você leiam, quero avisar que essa parte é realmente boba e infantil. Eu mesmo estou com vergonha de postar, mas, como faz parte da história, aí vai...
O que vou contar aqui aconteceu no sábado seguinte ao último conto. Eu combinei com o Vini de sair andar de bicicleta com ele naquele dia. Acho ele ficou com ciúmes por eu ter saído com o Gabriel no fim de semana anterior.
Nós acabamos indo ao mesmo parque, paramos perto do lago e começamos a conversar.
Vinicius: Como foi sua semana?
Felipe: Cansativa, como sempre.
Vinicius: Eu imagino...
Paramos de conversar um pouco. Ele ficou encarando alguns patos na beira da água. Depois seus olhos acompanharam um casal caminhando de mãos dadas.
Vinicius: Eu queria poder caminhar com você igual aquele casal, sem ter medo de que alguém venha me agredir.
Fiquei surpreso com o que ele disse. Eu queria dizer algo para anima-lo, mas eu pensava da mesma maneira, então não sabia o que dizer.
Felipe: Eu também tenho, Vini, mas eu enfrentaria qualquer um por você!
Vinicius: Eu sei, Fe. Mas ainda assim... eu não sei direito.
Felipe: Fica tranquilo. Se um dia você quiser assumir, é o que vai ser...
Vinicius: E se eu nunca me sentir confiante pra isso?
Felipe: Eu não vou me importar.
Ainda assim eu não percebia animação nenhuma nele. Fiquei me perguntando o que eu poderia fazer pra melhorar.
Felipe: O que você quer fazer hoje?
Vinicius: Não sei, Fe.
Felipe: Não gosto de você triste assim... Não tem nenhuma loucura que você sempre quis fazer?
Ele me encarou, e eu insiti.
Felipe: To falando sério!
Vinicius: Tem uma coisa que eu já pensei em fazer. Mas não é uma loucura. Você vai achar ridículo...
Felipe: Não vou. Prometo. Que tal se hoje nós fizermos tudo o que você quiser?
Finalmente ele deu uma risadinha.
Vinicius: Você é incrível.
Felipe: Obrigado. Mas e ai, pode fazer sua lista! Desde que a gente não infrinja uma lei.
De novo ele deu um sorriso.
Vinicius: Eu não tenho criatividade, nunca fiz nada fora do normal.
Felipe: Inventa qualquer coisa! E você acabou de falar que tinha uma coisa! E não importa o que seja, mesmo que você e o resto do mundo ache ridículo, a gente faz!
Vinicius: Qualquer coisa em qualquer lugar?
Felipe: Sim!
Ele continuou quieto, parecia estar pensando, e, ao mesmo tempo, com receio. Por coincidência, tinha duas meninas que pareciam ter nossa idade, com um corpo bonito, estavam passando perto de nós. E então eu fiz a única coisa que me veio na cabeça. Tirei a camisa e chamei uma delas. Quando ela se aproximou, eu comecei a falar.
Felipe: Oi, qual seu nome?
Ela: É Larissa.
Felipe: Certo, Larissa. Meu nome é Felipe, e ele é o Vinicius. Eu tava aqui discutindo com ele sobre um negócio e eu só queria sua opinião.
Larissa: Tá bom. Sobre o que?
Felipe: Ele insiste em dizer que eu sou mais feio do que um daqueles cães de cara enrugada. Eu já digo que não sou tão feio assim. Eu quero sua opinião.
Tudo bem, talvez eu tenha exagerado ou inventado uma história ridícula, mas essa era a intenção.
A menina ficou um pouco (na verdade, bastante) vermelha. Gaguejou um pouco, com uma cara de quem não estava entendendo nada.
Felipe: Só isso, eu quero sua opinião, eu sou bonito ou feio?
Os olhos dela passaram pelo meu corpo muito rapidamente, e voltaram ao meu rosto.
Larissa: Aah, eu te acho bonito. Você tem um corpo legal, mas eu tenho namorado.
O Vini não segurou uma risadinha.
Felipe: Não, não to te cantando. Só quero sua opinião! Eu sou bonito então?
Larissa: É.
Felipe: Se não estivesse namorando, você ficaria comigo?
Larissa: Aah, acho que sim. Depende.
Felipe: Tá, é só isso. Obrigado, viu?
Larissa: De nada.
Ela se afastou. Andou um pouco, deve ter contado pra amiga, que também olhou pra trás, me olhou alguns segundos e depois virou pra frente.
Vinicius: Isso foi ridículo.
Felipe: Mas eu fiz. Então mesmo que o que você pedir seja ridículo, eu faço.
Vinicius: Posso pedir a primeira coisa?
Felipe: Claro.
Vinicius: Nunca mais jogue um papo assim pra mais ninguém.
Felipe: Desculpa. Eu não consegui pensar em outra coisa.
Vesti a camisa de novo, e ele disse: Não precisa de mais nada, já to melhor.
Felipe: Não importa, já tá decidido que hoje é o dia que vamos fazer o que você quiser!
Vinicius: Tem idade mínima pra comprar preservativo?
Felipe: Que eu saiba, não. Se tiver, a gente já deve ter idade. Por que? Quer testar?
Vinicius: Será que vão pensar que somos namorados ou que vamos fazer um grupal com uma ou mais garotas?
Felipe: É difícil até de chutar essa.
Vinicius: Vamos tentar?
Felipe: Vamos, ué.
Saímos de bicicleta e procuramos um mercado ou farmácia que não ficasse próxima do nosso bairro. Quando encontramos uma farmácia, entramos juntos e procuramos os preservativos. Mesmo que usar aquilo fosse algo certo, deu vergonha de comprar.
O Vini escolheu, e foi na frente até o caixa. Eu parei bem perto dele. Era um moço no caixa, que, quando viu o que estávamos comprando, nos olhou sorrindo.
Ele perguntou: Vai querer uma sacolinha ou vai levar no bolso?
Vinicius: Eu levo no bolso mesmo.
Saímos da farmácia, e ele disse:
Vinicius: Não valeu.
Felipe: Por que?
Vinicius: O atendente também era gay.
Felipe: Como você sabe?
Vinicius: Não reparou no jeito dele? O tom afeminado quando falou comigo?
Felipe: Mas e daí? A intenção não era ver a reação da pessoa?
Vinicius: Não importa, não valeu.
Felipe: Tá, então onde tem outro lugar por aqui?
Vinicius: Me segue.
Entramos num supermercado dessa vez. O Vini pegou da estante e fomos até o caixa. Era uma mulher, aparentava ser bem jovem. Ela fez a mesma pergunta: “O Senhor quer uma sacolinha?”.
Vinicius: Não, eu levo no bolso mesmo. Obrigado.
Felipe: A hora de usar não tá tão longe assim.
Ela deu risada, e o Vini me olhou vermelho pra caramba.
Quando saímos, ele me olhou e rindo e falou: Você não é normal mesmo!
Felipe: Qual a graça em ser normal? Tá satisfeito agora?
Vinicius: Acho que sim...
Felipe: O que mais você quer fazer?
Ele voltou a pensar. De vez em quando ainda escapava uma risada. Mas ele se continha.
Vinicius: Meu dinheiro acabou, então não sei. Não tem muita coisa pra gente fazer...
Felipe: É, eu concordo. Agora confessa a verdade!
Ele me olhou sério.
Vinicius: Que verdade?
Felipe: Isso foi desculpa pra comprar... porque você quer experimentar.
Vinicius: Nós já fizemos sem. Aliás, nós dois éramos virgens.
Felipe: Isso não impede você de ter a curiosidade de saber se é diferente ou não.
Depois de um tempo, quando estávamos quase chegando em casa, ele disse: “Fe, obrigado”.
Felipe: Pelo o que?
Vinicius: Por tudo o que você faz. Eu me sinto cada vez mais confiante perto de você. O que a gente fez hoje pode ter sido idiota e infantil. Só que você agiu como se fazer aquilo fosse essencial.
Felipe: Faço tudo isso porque te amo de verdade! E era essencial, porque era o que você queria!
Vinicius: Só não te beijo agora porque estamos em bicicletas diferentes.
Finalmente paramos em frente nossas casas.
Felipe: A gente se vê mais tarde?
Vinicius: Com certeza!
Não podíamos nos beijar, pois tinha mais pessoas na calçada, só nos despedimos normalmente e entramos, cada um na sua casa.
Quando entrei na cozinha, minha mãe já estava preparando o almoço.
Fátima: Nossa. Passearam bastante hoje, hein?
Ela tinha razão, eu sai de casa oito horas, e já eram dez e vinte. Claro que ela nem imaginava o que tínhamos feito. E deveria continuar assim. Desenrolei uma conversinha curta com ela e subi ao meu quarto. Enfiei as camisinhas no meu guarda roupa, tirei o tênis, a camisa e fui tomar um banho. Eu estava suado demais.
Bom, eu disse que seria boba. Me add no Skype: felipecontos2013@outlook.com
Até a próxima, ;)