O Poder da Paixão - Capitulo 2

Parte da série O Poder da Paixão

Primeiro dia de aula, pelo menos para mim era o primeiro dia. As aulas já haviam começado. Já fazia uma semana que eu estava naquela casa, naquela família. O alarme do celular gritava para que eu acordasse, eram seis horas da manhã, passei os dedos na tela e desliguei o mesmo.

Me levantei, estava apenas de cueca, abri um pouco a cortina e entrei no banheiro, escovei os meus dentes, abri o chuveiro, tirei a cueca e entrei dentro dele. A agua caia sobre o meu corpo, eu ainda estava com um pouco de sono, não queria acordar de jeito nenhum, mas era necessário. Enquanto eu me lavava, ouvi meu nome ser chamado.

- já estou no banho – gritei

- ótimo, não se atrase – David gritou

Eu terminei banho, enrolei a toalha na cintura, e sai do banheiro. No quarto eu me sequei e passei a toalha em meus cabelos que estavam cortados e pela primeira vez eu não senti falta de todo aquele cabelo caindo em meus olhos.

Me arrumei colocando o uniforme da escola, um casaco verde claro por cima e uma calça jeans escura com um tênis baixo branco com detalhes cinzas. Arrumei meu cabelo deixando ele pra cima, passei um perfume que havia ganhado da mãe do Junior e sai do quarto, desci as escadas indo em direção a sala de jantar, a mesa estava posta, Junior estava sentado nela tomando seu café, eu cheguei dando bom dia que foi retribuído, sentei na cadeira e me servi.

- como está se sentindo? Primeiro dia em uma escola nova – falou

- não sei o que dizer, acho que estou com um pouco de medo – falei

- medo? Não precisa ter medo, vai dar tudo certo – falou

- Junior, todos lá naquela escola são ricos, sabem se comportar, eu nem sei pegar num garfo e numa faca direito, imagine falar com aquele povo – falei

- são todos adolescentes, com costumes iguais, e você não é mais pobre, lembre-se disso. O que tiver de aprender, aprenderá com o tempo – falou

- é, acho que sim – falei bebendo um pouco do suco

David apareceu com o Cadu seguro em sua mão, ele estava com a cara cheia de sono ainda, segurava um carrinho vermelho nas mãos. Sentaram-se a mesa e o David perguntou a mesma coisa que o Junior.

Depois do café eu subi ao quarto, escovei os dentes novamente assim como o David havia dito, peguei minha mochila e o celular, coloquei os fones no ouvido e sai. Ele me esperava no carro junto com o Cadu, entrei no lado do carona e logo partimos.

David deixou o Cadu na escola, em seguida me levou até a minha. Fiquei olhando pelo vidro do carro sem coragem de descer, na verdade eu queria mesmo era voltar pra casa.

- nervoso? – perguntou

- um pouco – falei

- vai ficar tudo bem, vai lá – falou

- está bem, - falei abrindo a porta

Ele me desejou um bom dia e eu dei tchau, continuei com os fones no ouvido, coloquei as mãos no bolso e caminhei para dentro da escola, olhei para trás e ele continuava me olhando. Depois que passei pelo portão eu parei antes da porta do prédio, peguei um pedaço de papel no bolso e olhei onde seria minha sala. Eram dois grandes prédios, cada um com dois andares. Muita gente circulando, conversando. Entrei no primeiro e caminhei pelo corredor, subi uma escada que dava acesso ao primeiro andar, encontrei a sala logo depois de um bebedouro.

Abri a porta e tinha várias pessoas lá dentro, as meninas conversando sentadas em cima da mesa, alisando os cabelos e rindo, alguns meninos encolhidos no final da sala também rindo e fazendo barulho, caminhei para dentro sobre os olhares de alguns, passei pelas meninas e me sentei quase no final da sala, o que me separava de lá eram duas meninas que estavam sentadas lá.

Sentei na cadeira, coloquei a mochila em cima da mesa e aumentei o volume do celular, não olhei para ninguém, não queria. Enquanto eu ouvia música, mexia em um jogo no celular, levantei a cabeça e vi uma mulher de aproximadamente seus 30 anos entrando na sala e colocando suas coisas em cima da mesa. Tirei os fones e olhei para ela.

- bom dia turma – falou

- bom dia – responderam

- hoje vamos continuar com as reações químicas, a aula hoje vai ter um dos conteúdos que eu mais gosto – ela falou

Ela sentou-se e pegou um caderno que estava guardo em sua bolsa. Abriu ele e folheou enquanto segurava uma caneta em mãos. Começou a chamar os nomes, ela estava fazendo a frequência.

- Hugo Fernandez Bianchi – falou – acho que não veio novamente – ela falou

- aqui – respondi levantando a mão

Novamente senti os olhares em cima de mim, assim como o olhar da professora.

- finalmente nos deu a honra de sua presença, está com algumas faltas aqui – falou me olhando

- me disseram que só precisava vir hoje – falei ainda com receio

- tudo bem, levante e se apresente a turma, queremos conhece-lo. Carne nova no pedaço – falou rindo

Eu me levantei, todos me olhavam quieto.

- seu nome já sabemos, me diga de onde você veio, sua idade– perguntou

- eu sou daqui de são Paulo mesmo, e farei 17 anos mês que vem – falei aflito pelos olhares

- hum, legal Hugo, não vou perguntar se gosta de química pois pode ser uma pergunta ruim até pra mim. Mas você é um gatinho, seja bem-vindo fofo – falou rindo

- obrigado – falei me sentando

- já que a turma está completa agora, vamos dar início a nossa aula, Hugo querido, depois pegue o conteúdo da semana passada com algum colega. Sejam bonzinhos e ajudem o novo colega de vocês viu turma – falou ela

A professora começou a escrever no quadro branco, eu peguei o caderno e a caneta e comecei a copiar, estava prestando atenção nela quando olhei para o lado e vi a mesma garota da lanchonete, ela estava sentada ao meu lado duas carteiras distantes. Eu olhei pra ela e acabei perdendo o foco no que a professora dizia, só virei o rosto quando vi ela olhar em minha direção.

Não voltei a olhar, a professora conversou bastante durando os três primeiros horários. Copiei tudo o que ela escrevia, anotei os nomes dos livros para pegar na biblioteca. O horário dela acabou, eu peguei minha mochila e sai da sala, andei pelo corredor seguindo as placas que tinham na parede, subi uma escada em direção ao segundo andar, encontrei a biblioteca logo de frente, entrei e fui direto ao balcão, perguntei onde ficavam os livros de química e ela perguntou se eu iria retirar para ler fora, disse que sim e ela pediu o meu nome.

Depois de um processo que tive que fazer, ganhei um cartãozinho da biblioteca, sentei-me em uma das mesas e coloquei o computador que havia levado na bolsa em cima. Ela cadastrou o endereço do meu computador para que eu tivesse acesso à internet na escola, pluguei o fone no notebook, coloquei no ouvido e fiquei ouvindo algumas músicas enquanto eu baixava outras.

Estava com o livro de química em cima da mesa, estava concentrado ali quando alguém sentou ao meu lado, era ela, a garota da lanchonete. Tirei um lado do fone do ouvido.

- oi – falou

- oi – disse

- você não é aquele carinha do shopping? – perguntou

- acho que sim – falei

- é que eu sabia que tinha te visto em algum lugar, só que você estava com o cabelo bem maior – falou

- eu o cortei depois que sai da lanchonete – falei

- eu sou a Beatriz – falou estendendo a mão

- Hugo – falei apertando

- prazer Hugo. Posso ver o que está escutando? – perguntou

- claro – falei

Ela pegou um lado do fone e colocou no ouvido, se aproximou de mim e olhou na tela do notebook.

- Nickelback, muito boa essa banda – falou

- você conhece? – perguntei

- escuto ela, gosto demais – falou

- eu também gosto das músicas, vi um vídeo semana passada e acabei gostando – falei

- é muito boa mesmo – falou

- é sim

- se você gosta de Nickelback vai gostar dessa banda aqui

Ela digitou um nome na pesquisa do google e abriu um player de música, pausou a música que eu estava ouvindo e deu play na outra. Confesso que gostei do estilo da música, algo alternativo e bem diferente.

- eu gostei – falei

- essa banda é muito boa também, gosto do estilo alternativo dela – falou

- é bem legal mesmo – falei

- vou salvar nos favoritos – falou

Eu fiquei olhando aqueles olhos castanhos fixos na tela do computador, ela estava tão bonita.

- você tem namorada Hugo? – perguntou

- namorada? Não... não tenho – falei

- como é que pode um gatinho feito você não ter namorada? É quase impossível isso – falou

- pois é, mas é o que acontece – falei – mas e você, tem namorado? – perguntei

- não, até tinha, mas terminei com ele a alguns meses atrás – falou

- era aquele cara que estava com você? – perguntei

- o Rafael? Não, eu e ele somos apenas amigos, velhos amigos de infância – falou me olhando

- pensei que fosse seu namorado – falei

- não, todos pensam isso, mas eu e ele somos apenas amigos mesmo – falou

- hum, legal – falei

- você não quer comer alguma coisa? Saiu da sala direto para a biblioteca. – falou

- na verdade eu vim pra cá por que achei que seria melhor até conhecer a escola direito – falei

- vamos, ainda temos tempo de comer algo na lanchonete – falou levantando

- tudo bem – falei

Desliguei o computador, coloquei dentro da bolsa junto com o livro e saímos, ela foi me mostrando os lugares de acordo quando íamos andando, descemos as escadas, andamos até o final do corredor do primeiro andar e entramos em uma porta de vidro, tinha muita gente por lá, era um lugar imenso com muitas mesas, gente conversando e gritando. Eu caminhei com ela até uma mesa no canto, tinha umas seis pessoas sentadas na mesa conversando, nos aproximamos.

- gente esse aqui é o Hugo, achei ele sentado na biblioteca – falou me apresentando

- e ai cara blz? – perguntou um rapaz moreno

- Hugo, esses são, Diego, Roger, Cristina, Diana, Alice e o Rafael você viu comigo no shopping.

Todos me cumprimentaram, o Rafael ficou calado, apenas olhou para trás, ela me mandou sentar e eu me sentei ao lado dela. Eles estavam conversando sobre uma festa ou coisa do tipo.

- Hugo, estamos conversando sobre uma festa que vamos fazer na casa do Rafa, você bem que podia ir – falou Bia

- acho que não, não sou muito de festa – falei

A verdade é que eu não queria ir mesmo, só de estar ali perto daquele idiota já me dava vontade de enfiar a mão na cara dele pelo o que ele me fez passar na loja.

- vamos, é bom que você conhece o pessoal melhor – falou – se for por causa da cara feia do Rafa fica tranquilo, ele é gente boa e a casa pode ser dele, mas quem faz os convites sou e estou te convidando – ela falou

- bom, eu tenho que ver com meus pais primeiro, não gosto de sair assim – falei

- olha cara, aceita, é difícil você ver a Bia ir com a cara de alguém assim tão rápido, - o Diego falou

- cala a boca Diego, deixa de ser pé no saco – ela falou

- com certeza vai ser legal, bom gosto pra musica você tem – ela falou

- está bem, eu aviso amanhã se eu puder ir – falei

- ótimo, então Rafa, tu sabe que tem que chamar aquele seu amigo DJ pra tocar – Bia falou

- pode deixar que eu chamo sim, eu vou indo nessa, tenho que entrar no banheiro – ele falou se levantando e saindo

Sua cara não era das melhores, ele levantou e saiu andando. Eu fiquei olhando para a Bia que conversava com as meninas sobre o que ia ter e o que iriam comprar. Fiquei só olhando e ela tentava falar comigo.

O sinal bateu e fomos para a sala, entrou outro professor e voltei a copiar os assuntos da matéria, quando olhei para o lado em que a Bia estava, lá estava ele sentado, não tinha o visto nos três primeiros horários e agora ele apareceu na sala.

Estava na hora de ir embora, todo mundo saiu desesperado, eu arrumei minhas coisas e estava no corredor indo em direção a saída quando a Bia me chamou.

- Hugo espera – falou

- oi – disse virando

- eu queria saber se você vai mesmo? – falou

- preciso falar com meus pais antes, mas amanhã eu te aviso – falei

- eu sei quando uma pessoa está enrolando pra não ir, mas faz o seguinte, me dá teu celular ai – falou

Eu tirei meu celular do bolso e dei a ela que digitou alguma coisa, e logo o dela chamou.

- pronto, gravei meu número ai e vou salvar o seu, te ligo as oito para ter a resposta – falou

- por que não esperar até amanhã? – perguntei

- por que eu queria o seu número e por que vou mandar fazer as pulseirinhas hoje, muita gente querendo ir e pouca vaga, - falou rindo

- hum, legal – falei

- ótimo então, te ligo as oito – falou se aproximado e beijando meu rosto

Ela se afastou e saiu andando pelo corredor, eu fiquei lá parado olhando ela se distanciar. Voltei a terra e comecei a caminhar também, sai do prédio e o David estava me esperando do lado de fora.

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Desculpem a demora em postar. Tive uns probleminhas técnicos que já foram resolvidos.

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Beijinhos. <3