Pacto de Sangue

Parte da série Dois Amigos e um Segredo

Dez anos mais tarde...

Andrei, Leon, Rick, Rafa e John recebiam algumas fãs no camarim. Distribuíram autógrafos, beijinhos, e depois que as garotas saíram e os outros companheiros de banda foram cheirar algumas carreiras no banheiro, Andrei jogou-se no sofá, espreguiçando-se.

- Porra, cara, estou morto! - disse a Leon. Não vejo a hora de tirar umas férias...

Leon acendeu um baseado, enquanto contemplava os braços fortes e cobertos de tatuagens do amigo. Tornara-se um maconheiro inveterado. Haviam conseguido decolar na carreira. Já haviam gravado três álbuns e tinham uma extensa agenda de shows por todo o Brasil. Leon agora não era mais o garoto babaca. Se transformara num homem alto e esguio, de ar meio soturno, que tinha uma tatuagem no pescoço e se vestia quase sempre de preto. Engatara um relacionamento sério e tinha uma filha.

Andrei também se casara e tinha dois filhos. Sempre na estrada, tinham pouco contato com a família. Durante as turnês pegavam muita mulher, às vezes até transavam a três...nunca haviam se tocado, mas Leon gostava de ver Andrei nú, comendo a mulher na sua frente...

Andrei pegou uma garrafa de vodka que havia por ali, beberu um gole e de repente olhou para Leon e perguntou:

- Cara, a gente é irmão... e se a gente fizesse um pacto de sangue? Porra, como é que eu não pensei nisso antes?

Leon franziu a testa.

- Pacto de sangue? Que porra é essa, cara?

Andrei começou a explicar.

- É assim, a gente faz um corte no dedo de cada um e mistura o seu sangue com o meu. Daí a gente fica ligado pra sempre, e quando um de nós morrer, o outro morre também! E aí, topa?

Leon começou a rir.

- Cara, que viagem... é como se a gente se casasse, é isso?

Andrei fez que sim, virando a aba do boné para trás. Bebeu mais um pouco de vodka.

- É mais ou menos isso, cara... é tipo um casamento de almas... só que eu não vou trepar com você, viu? - acrescentou, rindo muito.

Leon achou a idéia divertida.

- Ok, topo... vamos fazer o tal pacto!

Andrei tirou do bolso da bermuda jeans seu canivete de estimação.Leon observava os movimentos do amigo. Andreiforçou a lâmina contra seu dedo polegar, até que surgisse um pequeno filete de sangue.

- Me dá sua mão, - disse a Leon, que estendeu a mão com certa relutância. Odiava sangue. Andrei pressionou a lâmina contra o dedo do amigo e o sangue surgiu. Então encostou os dois ferimentos, misturando o sangue de ambos.

- Pronto! - disse Andrei, agora a gente está junto e misturado pra sempre!

Leon ficou sério por um momento, depois começou a rir.

- Já terminou o casamento? Bom, então vamos nessa, ou a gente vai perder o avião, cara!

Dali seguiram para o aeroporto. Se o pacto feito no camarim teve alguma influência ou não, ninguém jamais saberá. Mas, foi naquela noite, sentado na poltrona ao lado de Andrei que dormia, enquanto o avião seguia sua rota acima das nuvens, que Leon compreendeu finalmente o que sentia pelo amigo. Era amor... uma paixão avassaladora, desde menino... e isso fazia dele, senão gay, pelo menos bissexual. Para se acalmar acendeu outro baseado.

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