Tentações #05

Conto de N T N como (Seguir)

Parte da série Paixão ao desconhecido

Capitulo grande para compensar o tempo sem postar.

Boa leitura.

- Quer vir junto? – perguntei a ele.

Estávamos todos nós no portão da escola: Olivia, eu e Rodrigues. Era terça feira e nesse dia eu a acompanhava até o centro da cidade (acho que já expliquei isso). Se passou apenas 4 dias do meu reencontro com o Rodrigues e eu já havia me apegado à ele, só a sensação de ter ele por perto me dava prazer, por isso o convidei para ir conosco.

Acho que Olivia já tinha se acostumado com a presença dele, digo, mesmo os dois sendo da mesma turma acho que não se falavam e eu fui à ligação entre o dois também já que eu que Olivia éramos unidos e também que tanto ele quanto eu então não nos afastávamos desde o reencontro – e eu muito mais. Então ela assentiu com minha pergunta sem argumentar.

Era 18:40, ao fundo, sob a escola, eu via o céu alaranjado e os últimos raios de sol que se chocavam com sua pele perfeita em seu ar de dúvida.

- Tenho opção? – ele perguntou.

Mesmo naquele clima bonito me cansei de esperar assim como Olivia. Suspirei e segurei sua mão, a pele macia, porem com um aperto forte.

- Não, você não tem – o puxei junto de Olivia – Agora vamos.

Caminhamos sem olhar para trás por alguns segundos. Eu estava distraído, aquela sensação de estar perto dele me contagiava, eu pensava em nós dois, o que e como seria esse momento?

- Rodrigo – ele disse me parando.

Olhei para trás, não via mais os raios de sol, mas ainda via claramente seu rosto fofo e atencioso. Olivia indicava para baixo sem cessar, ela parecia surpresa e quase desesperada, pronta para me empurrar para longe dele.

- Pode soltar minha mão agora – ele falou um pouco mais serio, acho que não se sentia bem com isso.

Olivia levou a mão ao rosto. Ela me contou depois que eu corei o rosto nesse momento. Meu organismo se recusava a soltar sua mão e ele estava claramente perturbado com isso. Soltei sua mão receoso, estava envergonhado sim, mas pela primeira vez senti medo ao seu lado, medo de como foi sua reação.

- Me desculpa cara – implorei – Sério mesmo.

- Não foi nada – ele disse hesitante e esfregando a mão constantemente – Nada.

“Ah que merda” – pensei.

Continuei caminhado, Olivia ia ao meu lado não comentando nada mas seu silencio me consolava, ele ia atrás emudecido, ouvia somente sua respiração que em algum momento se difundia com o barulho dos carros.

- Hey cara – ele disse segurando minha mão.

Um frio percorreu minha espinha, meu corpo travou e eu tomei um longo folego. Olivia continuou a caminhar, acho que não queria interromper o momento. Me virei lentamente se chocando com seus olhos que me fitavam.

- Só foi estranho, entendeu? – ele concluiu – Foi meio desconfortável, é isso.

- Eu entendo, não foi minha intenção.

Sim, eu sou gênio. Indiquei pra ele continuar, pois Olivia nos aguardava à uns 5 metros já impaciente, ele retribuiu com um sorriso e caminhou novamente. Seguimos assim, ele do meu lado direito e Olivia do meu lado esquerdo.

- Eu vou beijar ele – disse com um sussurro para Olivia.

Ela olhou para ele e para mim, então ela puxou meu braço girando meu corpo para a esquerda e ela passando para o meio. Ela se interpôs entre ele e eu, com uma postura forte como um muro impedindo minha passagem.

- Tente agora? – ela me desafiou.

Rodrigues riu na cena mesmo sem entender nada, não tinha ouvidos nossos sussurros. Seu rosto transmitia felicidade, a raiva dele tinha passado.

- Te odeio – respondi à ela.

E então quebramos o gelo, falávamos animadamente. Era um longo caminho até o centro e teria muita coisa com ele.

Quando chegamos ao centro, a noite já reinava nos céus exibindo os gloriosos astros e estrelas. A avenida se separava em duas longas vias e abrindo espaço para uma extensa praça central bem arborizada e iluminada com longos arcos de concreto de cerca de vinte metros de altura, era uma das marcas da cidade esse espaço.

Como uma criança, Rodrigues observava tudo alucinado, seu rosto branco e sereno me iludia em uma sensação de prazer e alegria. Ele parecia se sentir maravilhado, ele me revelou depois que era a primeira vez que ia lá nesse horário, era uma paisagem bonita, eu admito que mesmo tendo visto isso milhares de vezes, eu sempre me surpreendo.

Então senti o aperto de Olivia em minhas costelas. Ele me alertava o que eu parecia recusar parar, continuava a olhar para ele alucinado e distraído.

- Para com isso – ela me sussurrou.

Não. Eu me recuso. Não posso, não quero. Aquilo era meu único e singelo prazer. Observa-lo, ver suas feições calmas que me transmitiam paz. Havia comentado com Olivia que ele tinha um jeito meio desajeitado, meio deslocado e alternado, como se seu copo estivesse ali, mas sua mente vagava entre os planos astrais. Acho que fugi da realidade.

Mas era isso que me atraia nele, que chamava minha atenção para ele.

- Ok – assenti com ela.

E lá estávamos nós. Adolescentes sem rumo praticamente e vagando cansados, eu não sei o que dizer esse momento até por que não sentia nada. Só via seus olhos, nada mais, era ele e somente ele. Se Olivia não estivesse ali, eu já estaria agarrado nele.

Sou louco mesmo.

- Ainda falta uma hora para meu curso – Olivia disse após verificar o relógio. – Vocês vão embora?

Rodrigues e eu nos entreolhamos, um sinal de olhar e uma exibição de um sorriso em seu rosto me confortaram. Eu ficarei onde ele ficar.

- Eu não tenho nada pra fazer em casa – ele disse.

- Bom – eu acrescentei – desde que eu chegue antes que meus pais em casa, tá tudo bem.

Nós nos entreolhamos novamente e concordamos. Havíamos chegado a um acordo mutuo. Ele se sentou e assentiu para eu continuar, eu me lancei sobre o banco ao seu lado com a máxima segurança que estaria tudo bem, que eu estava seguro e protegido perto dele.

- Acho que vamos ficar sim – eu disse sorrindo.

Olivia esboçou um sorriso grande e se alegrou. Acho que era uma boa ideia ficar com ela ali, seria bom que ela também poderia ficar de olho em mim para eu não fazer merda.

Ah. Mas eu vou fazer, sempre faço...

- Ok ok – ela disse – Quem quer comer algo?

- Deveria dizer quem tem dinheiro pra comer algo? – acrescentei.

- Exato. Você tem?

- Nope, tenho livros pra comprar – respondi.

- E antes que você pergunte – Rodrigues interrompeu – Eu tenho mangás para comprar. Tô zerado.

- Ninguém tem nada aqui? – ela disse.

- Eu acho que não – eu respondi por ambos.

Isso seria engraçado se não fosse trágico. Então ficamos nós ali em silencio, sem emitir som algum, uma sensação calma e aterradora também. Acho que não duraria muito tempo, logo ele iria querer ir embora e eu queria ficar o máximo com ele.

- Eu acho que tenho sim – acabei que por soltar.

- O que? – ele disse surpreso.

- Dinheiro pô. Espera ai.

Tirei a mochila das costa e joguei no chão, ia vasculhando bolso a bolso, encontrei canetas, rascunhos de outros contos em folhas amassadas, lixo, provas de nota baixa... achei de tudo até finalmente ver o que queria.

Uma nota de 50. Eu havia achado no ônibus no dia anterior atrás de um dos bancos.

- Você 50 conto ai e ainda diz que tá sem dinheiro – Rodrigues exclamou. – Ah vai pro inferno.

- Eu esqueci que tinha, desculpa pô.

- Tá tá.

Ele me puxou pela mão e me levantou. Começou a correr me arrastando e atravessamos a avenida correndo em meio os carros furiosos.

- Você quer me matar – gritei.

- Não hoje.

- Onde vocês vão? – Olivia gritou do outro lado da rua – E vão me deixar aqui?

- Vamos comer – ele parou pra responder – A donzela precisa de ajuda pra atravessar a rua?

Ela respondeu com um gesto relativamente ofensivo, acho que insultava sua “masculinidade”, digo isso por que não tenho certeza de quem ele é. Acho que o gaydar não ativou. Ele riu e continuou me puxando com Olivia no nosso encalço até paramos em frente uma lanchonete.

- Acho que você vai ficar sem seus livros dessa vez – ele disse.

Eu lamentei isso profundamente.

Por fim lá estávamos nós. Comendo e conversando, havíamos pedido cachorros-quentes, coxinhas, uma porção de batata frita e refrigerantes. As bebidas não duraram muito tempo, também por que éramos adolescentes que comiam uma mordida e cinco goles de refrigerante.

- Vou pegar mais – disse me levantando.

- Eu vou com você – ele disse – Na ultima vez você esqueceu os canudos.

E lá fomos nós, ele sorria animado. Eu me perguntava se ele sentia algo, praticamente foi ele que me procurou e que me reconheceu, ele que viu quem eu era. Eu queria saber quem era ele agora.

Ele era o mesmo de antes?

- Hey, olha aqui – ele me chamou.

Ele segurava um canudo embalado no plástico na altura da virilha relativamente, esboçou um rosto de prazer e começou, como em um transe discreto, um ato um tanto estranho para o momento.

Ele fingia se masturbar. Ele me olhava nos olhos rindo e continuava fazendo, eu corei e não resisti, ele gesticulou como se perguntasse se eu queria. Ele estava brincando com minha cara.

- Vai pro inferno – eu disse.

Ele riu animado. Parecia um idiota, um adolescente retardado que só pensava em sexo. Não, ele não poderia ser assim.

Tomei o canudo da sua mão e o joguei em meio os outros que peguei, nem pensei no que tinha feito quando o coloquei lá. Peguei as bebidas e fui pra mesa.

- Eu vou no banheiro. - ele disse – Mas viu, você gostou, até pegou o canudo.

Eu o ignorei e fui pra mesa. Era ele mesmo, ele era isso?

- Você não acredita o que ele fez lá – resmunguei com Olivia – Ele pareceu um idiota.

- Já tá com raiva dele?

Expliquei para ela toda a situação, ela assentiu de forma calma enquanto eu estava quase furioso. Ela me acalmou um pouco pensativa quando viu ele voltando.

- Você acha que... – ela sussurrou – Sabe.

- Eu não sei.

Ele foi se achegando um pouco mais tranquilo eu acho. Mas também um pouco preocupado. Eu apenas olhei para ele com um dos meus raivosos olhares e de desprezo que encontrou seu olhar doce e calmo. Eu não resisto aos seus olhos.

- Olivia – ele a chamou – Olhe seu relógio, por favor.

- Puta que pariu – ela se levantou assustada.

Pegou sua bolsa e apenas nos beijou na bochecha como despedida. Ela saiu correndo pra fora do restaurante, hesitou por um momento e correu pra esquerda.

- Mas que merda foi essa que aconteceu.

- 19:55 – ele disse – O curso dela de 20:00.

- Argumento valido.

Eu me levantei e me limpei. Peguei a minha bolsa e conferi meus itens, me espreguicei e comecei a caminhar quando vi que ele continuava parado. Estava com um pensamento distante eu acho.

- Vamos – eu chamei ele que não respondeu.

Eu hesitei em chama-lo novamente. Me aproximei até tocar em seu braço, eu estava nervoso por fazer isso, toquei sua pele de forma leve até aproximar de sua mão. Não, eu estava me aproveitando, não devia fazer isso.

Segurei sua mão com um aperto forte, o que eu estava pensando? Fui percorrendo com os dedos as linhas da sua mão até a ponta de seus dedos, eu estava fazendo isso mesmo, não, eu não deveria.

Segurei-o pelo braço e o sacudi.

- Hey, vamos embora. – disse – Acorda.

E finalmente ele respondeu, meio desorientado, mas respondeu.

- Desculpa, viajei aqui. – ele falou – Vamos sim.

Ele pegou a bolsa e começou a caminhar ao meu lado. Assim saímos sem trocar uma palavra.

Tínhamos de ir até o terminal central, era a uns 200 metros de onde estávamos. De lá podíamos pegar uma grande variedade de ônibus para casa, era bem mais fácil. Logo que entramos na grande estrutura cobertura de metal e paramos na plataforma nosso ônibus encostou. Ele estava estranhamente vazio o que nos permitia escolher o lugar. Só tínhamos nós no ônibus.

Como crianças nós corremos pro banco alto. Sinceramente, quem nunca correu para o banco alto. Eu fiquei na janela e ele no corredor enquanto os últimos passageiros subiam sem pressa e o motorista se preparava para sair.

- Quando chegar nosso ponto me avise – disse enquanto colocava os fones de ouvido.

Não tinha a mínima vontade de falar com ele, acho que eu estava sendo egoísta. Não, ele havia sido um idiota, eu estava errado? Bom, eu admito que eu queria sim, não queria dar esse gostinho de vitória a ele até por que seria estranho eu dizer do nada:

- Sim, eu gostei. Quero ver você assim se masturbando.

O que eu estava fazendo. Eu estou pensando só em mim. Ele foi sim um idiota, mas acho que não foi intencional, não tinha nenhuma malicia, pelo menos para ele.

Acho que eu que estava sendo o idiota ali.

- Rodrigo – ele me chamou.

Quando olhei para ele vi seus olhos me secando, ele parecia me devorar somente de me ver. O que ele queria?

- O que foi?

Acho que fui muito seco, estava sendo ignorante com ele. O que eu estava pensando? Ah, Rodrigo seu idiota.

E então ele foi se achegando, ele vinha ficando cada vez mais perto de mim quase me prensando contra a janela. O que ele estava fazendo? Seu rosto estava a poucos centímetros do meu, sentia sua respiração ofegante sobre mim. Ele faria mesmo aquilo? E então ele avançou sobre mim.

Senti seus lábios tocarem os meus, em um longo e um caloroso beijo. Eu apoiei as mãos em seu peito me preparando para afasta-lo enquanto sua língua invadia minha boca.

- Pare – eu pedi – Por favor.

Ele não me ouvia, continuava a me beijar. Ele me tocava, suas mãos entraram por minha camisa e percorriam meu peito, um frio percorreu a minha espinha quando senti seu toque em minha pele. Eu queria aquilo, mas não daquele jeito.

Sim, eu queria sim.

E então eu retribui seu beijo.

Ficamos assim por alguns minutos, como se o mundo não existisse, como se fosse somente eu e ele ali. Desejei tanto aquilo. Mas seu beijo cessou e seus braços me agarraram me sacudindo.

- Acorde Rodrigo – ele me chamava.

E então tudo desmoronou. Pisquei meus olhos assustado e nos vi no ônibus saindo de um ponto, um antes do nosso.

Foi tudo um sonho.

- O nosso é o próximo – ele disse.

- Sim – eu disse meio desorientado.

E então ele apertou o botão para alertar nossa parada. Descemos sem nos dirigir uma palavra. Eu apenas o cumprimentei e atravessei a avenida já silenciosa. De relance eu dei uma ultima olhada para ele, caminhava com seu jeito distante e distraído, era ele com todo esse jeito e caráter que me chamava.

Fui pra casa lentamente, meus pais não haviam chegado ainda. Era eu e só eu ali.

Fui pro meu quarto e me joguei na cama. Nem liguei a TV ou a luz, queria o mais absoluto silencio. Senti uma gota quente brotar em meus olhos e percorrer meu rosto.

- Droga Rodrigues.

Comentários

Há 2 comentários.

Por dfc em 2014-10-18 11:02:19
Otimoo
Por fran em 2014-10-17 00:53:44
ouwnnnn. correr para os acentos altos sempre é bom. mais no fundamental eu sempre ia para o fundo, sempre ficava de caricias com meu esquema, já que eramos assumidos.kkkk essses sohos sempre acontecem com todo mundo, quem não gostaria que fosse real. mais acho que rodrigues fez aquilo na lanchonete não só de brincadeira mais para testa-lo... esse é velho, alguem sempre fazia isso comigo na escola e as vezes eu caia, porem acabava por rolar algo... ta bom já to me comparando de mais. não demore muito ta muito bom.