Primeiro passo

Parte da série Life

Oi, pessoas. Tudo bom com vocês? Espero encarecidamente que sim. Já faz algum tempo que venho acompanhando o site, lendo - quando posso – alguns contos. Sou novo como escritor e não manjo muito bem dos paranauês da língua portuguesa, pois não sou brasileiro no "todo", logo sou meio leigo com a gramática; só que sei o bastante para expressar-me coerentemente, certo? Pensei com os meus botões por algum tempo e, como estou de férias, decidi usar o tempo livre p/ escrever um pouco do que vivi há alguns anos atrás. As apresentações? Ah, claro. Onde estão os meus modos? Bem, me chamo Antonny Petrolli Carter, 21, branco e um tanto estranho – acho que isso basta. Sem mais preâmbulos, vamos ao que de facto interessa. Boa leitura.

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*5 anos atrás.

Olhei para ele e meu cérebro, já defeituoso, brecou. Meu coração disparou, parou e disparou novamente. Tudo ao mesmo tempo. Para onde diabos fora o calor, pois minhas mãos ficaram gélidas assim como o resto do meu corpo. Ele olhou para mim e me furou com aquele olhar. Penetrou fundo na minha alma, senti, e varreu de mim qualquer razão até então existente na minha cabeça. E o ar? Em que momento o mesmo acabara? Tive dificuldade de encontrá-lo "novamente".

O cara que me encarava, que estava sentado, e que me balançara por inteiro, era musculoso, grande em tudo (braços, pernas, ombros etc.), sua pele era morena-indiana e seus olhos escuros feito breu. O rosto parecia ter sido moldado pelos anjos, pois tudo ali combinava; o queixo quadrado, sua boca de lábios rosados, o nariz fino e longo, os olhos... Ah, os olhos.

Lembrei de que estava parado no meio do corredor do ônibus e que a maioria das pessoas me olhava com estranheza. Rapidamente corri para o banco dos fundos (o meu lugar) e fiquei pensando em tudo em que sentira segundos atrás. O garoto fortão estava a duas cadeiras de distância de mim, dava para ver parte de sua costa, pois o mesmo além de forte era alto. Vindo para meu lugar, olhei de esgueira para ele e reparei que sua mão estava enrolada em um pedaço de pano. Talvez a cortara ou brigara com alguém. Mas ele não tinha cara de ser de confusão, muito pelo contrário. Embora seu tamanho fosse bruto seu rosto era dócil e gentil. Era a primeira vez que eu o via ali, no ônibus escolar, ou só agora fui reparar nele talvez.

Foi aí que caí na real: eu estava encarando, há segundos atrás, um cara enorme sem nem ao menos me importar! E se o dito cujo perguntasse qual era o problema ou me fizesse passar por um embaraço ali diante de todos? Enterrei o rosto nas mãos, vergonhoso.

Meu coração ainda estava acelerado, chegava a doer. Eu estava tremendo levemente. Como pode um olhar fazer isso tudo? Como pode uma pessoa mexer tanto assim com alguém? Será que era somente comigo? Não, acho que qualquer um ficaria balançado com aquele ser enorme. Agora o x da questão: O que eu estava sentindo? Nunca fiquei assim por ninguém, nunca. Perguntas e mais perguntas.

Sentia-me estranho, ansioso, alegre, abismado... E esses eram apenas os “As”, pois era um misto de emoções que dominavam meu corpo. O ônibus seguiu seu destino morosamente pela cidade. Aos poucos fui voltando à realidade, fui voltando para minha vida sombria, morta e sem sentido. Quando estava encarando aquele garoto estranho tudo da minha mente fora banido; os problemas, a tristeza e a família. Muitos poderiam me considerar uma pessoa ingrata por dizer que sou infeliz. Claro com razão, pois moro em uma casa enorme, situada num dos bairros mais conceituados da cidade, tenho boa educação, nunca passei necessidade ou coisas do tipo. Um garoto rico e por essa razão feliz. Mas não, não é assim que a roda gira. E tudo começou há mais ou menos 12 anos.

Meu pai, Jonathan Carter, entrara catatônico em casa. Eu estava brincando no chão da sala como de praxe, esperando papai e mamãe chegar do trabalho. Ele foi até mim com o rosto enlouquecido, lembro que ele parou, me olhou e chorou. Assustei-me com essa atitude. Afinal, pais não choram... Marry, a babá, pegou-me (naquela época eu tinha 4 anos) e tentou me levar para o quarto a mando do meu pai. Protestei e acabei ficando. Logo veio a noticia: Helenna Carter Petrolli morrera em um trágico acidente. Mamãe se foi deixando duas almas que a amavam. Desde aquele dia papai começou a me evitar. No dia seguinte, no velório, pessoas de todas as partes estavam ali em casa. Vi mamãe deitada no caixão, com os olhos fechados (óbvio), com os cabelos cor ruivos ondulados bem penteados, a pele macia e pálida, a vida que emanava de si já não existia. Como era professora, muitas crianças (alunos) e seus pais vieram deixar suas condolências. Lembro de ver o jardim abarrotado de cartãozinhos e flores deixados pelos mesmos. O enterro foi rápido. Primeiro um buraco retangular e com uma profundidade significativa. Depois o caixão descendo. Choro. Lamentos. Muitas pessoas de preto. Chuva. E uma quantidade de terra para cobrir a cova.

Os anos se passaram. Eu já não existia mais para papai que por algum motivo passou a me odiar. Entra em cena Catharine Mason, uma das secretárias de papai na empresa – era alta, corpo definido, não muito nova, beirava os seus 30 anos. Ele era um homem viúvo, possuía uma das mais prestigiosas fabricas da região. Rico e por essa razão era também um imã para mulheres interesseiras. Começou com um jantar. Ela veio em casa, fingiu que gostava de mim, disse que meu cabelo era engraçado e fofo – depois explico isso. Vi pelo seu jeito que era tudo encenação. Eu tinha 7 anos e papai já tinha um ano de namoro com Catharine. Noivaram, depois veio o pedido de casamento. Lua-de-mel. e depois disso tudo em minha casa mudou.

Catharine mostrou sua face verdadeira. Privou-me de alguns privilégios, tirou meu quarto transferindo-me para o sótão, pois seus filhos iriam morar conosco em breve, queimou todas as coisas de mamãe e mudou a casa literalmente. Passei a ser tratado por todos como um nada. As empregadas era obrigadas a não me servir. Com o passar do tempo me acostumei e vivi na mais fria solidão. Foi ai que me fechei para o mundo. Quando pensei que as coisas estavam ruins aparecem Allan e Gregori Mason (os filhos de Catharine). Assim como sua mãe, os dois me amavam e demostravam isso todos os dias. Eram crianças maléficas, principalmente Gregori, que faziam coisas maldosas comigo. Sofri e ainda sofro com os dois mas acabei por me acostumar vivendo sob isso tudo.

Hoje, de manhã cedo, quando ia sair de casa para pegar o ônibus, Allan me segurou pelo braço impedindo-me de seguir meu caminho. Ele era fortão, músculo e meio lerdão. Era branco e seus cabelos eram curtos estilo militar. Usava sempre camisas apertadas para exibir sua força. Idiota!

“Solta!”, falei para ele. Encarei ele e ele fez o mesmo. Puxei o braço sem sucesso algum. Estava esmagando meu braço.

“Maninho?”, ouvimos uma voz debochada e má atrás de nós, Gregori. Então tudo aconteceu. Um punho me acertou em cheio no estomago. Perdi o ar e me curvei para recuperá-lo com a maior dificuldade. “Allan! Boa, garoto! Já tão cedo?”.

Falaram mais umas coisas que não entendi. Allan apenas sorriu, como percebi, e Gregori dava uns parabéns desnecessários. Saíram e me deixaram ali curvado no chão da sala. Recuperei-me do inesperado e suspirando fui para a porta. Massageei o diafragma e conferi se não tinha nada quebrado. Estava tudo bem. Esperei o ônibus escolar, pois eu não tinha carro. Ouvi o cantar de pneus de um BMW e vi que era o “novo carro” de Gregori. Ganhou de aniversário. Olhei para meus pés e suspirei. O ônibus se aproximava morosamente. 50 metros, parando para pegar uma menina. 35 metros parara novamente. 20, 10 e parou em mim. Subi e me encaminhei para meu lugar. Já sentado passei a mão na minha barriga. Encostei a cabeça na janela e fiquei contemplando as costas do garoto grandão. Brinquei com a lembrança dele me olhando e novamente fui tomado por uma onda de emoções desconhecidas. Esqueci de casa, esqueci dos Mason, de papai, de todos; só pensei naqueles olhos escuros. O que era aquilo? Nunca tinha namorado ninguém, nunca tinha me interessado por alguém, não tinha o menor interesse para tal. Achava tolo diante das coisas que eu passava. Mas aquele cara despertara algo em mim que eu não sabia dizer o certo o que era.

Iria descobri. Se ele já me fazia esquecer todos os meus problemas em um só olhar eu iria querer saber quem era ele. O primeiro passo seria descobri o nome dele.

Continua?

Desculpa, gente. Ficou demasiado grande. Acho que foi o nervosismo em tá contado minha vida. Desculpando alguns erros e tals. Espero que tenham “curtido”. Bjos e abraços

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